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Cúpula de Copenhague coloca o planeta em queda-de-braço

Publicado 06.12.2009, 14:33
Atualizado 06.12.2009, 15:42

Ramón Santaularia.

Copenhague, 6 dez (EFE).- Líderes políticos, cientistas, analistas e dezenas de ONGs começam a disputar uma dura queda-de-braço a partir de amanhã, quando tem início a cúpula de Copenhague sobre a mudança climática.

A conferência, que vai tentar chegar a um acordo para limitar as emissões dos gases causadores do efeito estufa, vai receber, até 18 de dezembro, 15.000 pessoas de 192 países, entre chefes de Estado e de Governo, ministros, organizações ambientais e jornalistas.

O objetivo do encontro é dar uma resposta categórica à ameaça global representada pela mudança climática e instituir no mundo práticas e mecanismos para um crescimento sustentável.

Na prática, para limitar o aumento da temperatura a 2°C acima dos valores da era pré-industrial, as nações desenvolvidas serão convidadas a reduzir, até 2020, de 25% a 40% das emissões de poluentes em relação aos níveis de 1990.

Com a industrialização, aumentou o volume de gases estufa na atmosfera, sobretudo do dióxido de carbono, do metano e do óxido nitroso, fundamentais para a vida na Terra e que impedem que parte do calor solar retorne ao espaço.

Além disso, o nível do mar subiu, em média, de dez a 20 centímetros no século XX. Até 2100, a previsão é que aumente de nove a 88 centímetros devido à elevação das temperaturas. Consequentemente, a geleiras e calotas polares derreterão, aumentando o volume da água nos oceanos.

Na pior das hipóteses, o mar poderá invadir litorais fortemente povoados de países como Bangladesh, provocar o desaparecimento total de algumas localidades, como as ilhas Maldivas, contaminar reservas de água doce de bilhões de pessoas e provocar migrações em massa, segundo a comunidade científica.

Embora haja diversas opiniões sobre as causas do aquecimento global, muitos especialistas dizem que a principal razão do aquecimento do planeta é a industrialização iniciada há século e meio, e, em particular, a combustão de quantidades cada vez maiores de petróleo e carvão, o desmatamento de florestas tropicais e métodos pouco ortodoxos de exploração agrícola.

Apesar do otimismo de última hora, antes mesmo do começo da conferência, o secretário-executivo da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, Yvo de Boer, já previa só para junho de 2010 o alcance de um acordo juridicamente vinculativo.

Isso significa que Copenhague estará repleta de vontade política dos vários atores convidados para a cúpula, que terão que limar inúmeras diferenças até conseguir colocar no papel um acordo para substituir o Protocolo de Kioto, vigente para 37 países industrializados até 2012.

Para que a cúpula na Dinamarca seja um sucesso, ONGs como o Greenpeace pedem "um acordo justo, vinculativo e ambicioso, com o compromisso dos países industrializados de reduzir as emissões em 40% até 2020 frente aos níveis de 1990". Outra meta dessas entidades é acabar com o desmatamento das florestas tropicais nos próximos dez anos.

No entanto, a enorme distância que há entre os países industrializados e em desenvolvimento para frear o aquecimento global e as negociações para uma redução das emissões de CO2 na atmosfera são os principais obstáculos do encontro.

As somas multimilionárias que as nações ricas deveriam repassar aos países pobres para minimizar as devastadoras consequências do aquecimento global, cujos efeitos já são visíveis, foram rebaixadas por De Boer e outros especialistas para US$ 10 bilhões ao ano.

O valor é "modesto", mas é um começo e um grande "sinal de confiança" nos países emergentes, que não causaram os problemas da mudança climática, disse à Efe o economista leonês Kandeh Yumkella, diretor-geral da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Onudi).

Por sua vez, as nações em desenvolvimento e emergentes, que serão fundamentais nesta cúpula devido ao seu crescente apetite por energia ao longo das próximas décadas, exigem cerca de US$ 400 bilhões até 2020 para se adaptarem à mudança climática.

A presença de aproximadamente cem chefes de Estado e de Governo, incluindo os de Brasil, Estados Unidos e da União Europeia (UE), no encerramento do encontro deverá ajudar os participantes a chegarem a um acordo político final.

Neste contexto, o Governo dinamarquês considerou muito positiva a participação do presidente dos EUA, Barack Obama. No entanto, a contribuição do segundo país que mais polui no mundo deverá ser modesta, já que Washington se comprometeu, em termo reais, a reduzir as emissões apenas em 4% até 2020.

A China, que lidera o ranking das nações poluidoras, mostrará um comprometimento bem maior, já que Pequim propôs reduzir entre 40% e 50% "a intensidade das emissões de CO2" até 2020, frente aos níveis de 2005. EFE

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