Cúpulas da UE podem custar até 10 milhões de euros

Publicado 08.12.2011, 06:03
Atualizado 08.12.2011, 06:35

Lara Malvesí.

Bruxelas, 8 dez (EFE).- Quanto custa uma cúpula de chefes de Estado e de governo da União Europeia (UE) como as realizadas desde o início da crise financeira e como a que acontece nesta quinta e sexta-feira em Bruxelas? Pelo menos 10 milhões de euros (cerca de R$ 24 milhões).

Este é um custo assumido pelos Estados-membros, diretamente ou através do orçamento comunitário, que poderia ser lançado a partir de agora caso se antecipe a proposta do presidente da França, Nicolas Sarkozy, de instaurar legalmente a celebração de uma cúpula da zona do euro durante todos os meses até o fim da crise.

O número de 10 milhões de euros, estimado a partir dos gastos que as instituições informaram à Agência Efe (com um pouco de má vontade), responde às despesas da organização do próprio Conselho Europeu no edifício Justus Lipsius de Bruxelas e a mobilização de policiais e agentes de segurança privada na cidade, assim como o deslocamento e hospedagem das delegações de cada Estado-membro.

Fontes da União Europeia explicaram que a despesa extra para o Conselho Europeu, o pessoal adicional (pois o fixo vai dentro do orçamento da instituição), as comunicações, as refeições gratuitas para os participantes da cúpula e a segurança interna do edifício e para os chefes de Estado e de governo rondam os 500 mil euros (cerca de R$ 1,2 milhão).

No entanto, o relatório elaborado pelo Conselho Europeu sobre sua atividade em 2010, de acesso público, indica que a despesa para as seis cúpulas desse ano foi de 6,5 milhões de euros (cerca de R$ 15,5 milhões), isto é, mais de 1 milhão (cerca de R$ 2,4 milhões) por cada reunião. Mas esta é apenas uma pequena porção do cálculo final.

A maior parte da despesa deriva da infraestrutura de segurança iniciada na capital belga e, especificamente, nos arredores do número 175 da Rue de la Loi, sede do Conselho Europeu. O plano inclui a interdição da estação de metrô Schuman, o controle do tráfego nas proximidades do edifício e o acompanhamento de escoltas policiais durante o trajeto dos 27 chefes de Estado e de governo.

Ao redor do Conselho Europeu se estabelece um perímetro com extremas medidas de segurança. É preciso credenciamento para entrar na área, chamada pela Polícia belga de "zona de segurança".

Segundo explicou à Efe o centro de crise do Ministério do Interior belga, os últimos números de orçamento público são os de 2007, ano em que foram realizadas três cúpulas em Bruxelas. O custo anual total foi de 25 milhões de euros (cerca de R$ 60 milhões), ou seja, mais de 8 milhões (cerca de R$ 20 milhões) por cada reunião de chefes de Estado e de governo.

Outro grande gasto é o de cada delegação nacional que participa da cúpula. A delegação inclui o chefe de Estado ou de governo, seus respectivos secretários que os acompanham para a assessoria em temas técnicos, seus assistentes pessoais de protocolo e agentes de segurança particulares.

O número varia em cada representação. Por exemplo, a Finlândia deslocou 14 pessoas na última cúpula em 26 de outubro, enquanto a delegação da Alemanha transferiu 31, segundo os porta-vozes de suas representações na UE.

A maioria das comitivas dorme em hotéis próximos às instituições europeias, embora alguns países optem por outros alojamentos. Um exemplo é o presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, que sempre se hospeda com sua equipe em um hotel da rede Sofitel, próximo ao Conselho Europeu. A diária é de 185 euros (cerca de R$ 445).

Saber qual é o custo do deslocamento dos líderes e de seus assistentes não é fácil, pois a maioria viaja em seus próprios aviões oficiais. Outro custo adicional é o da imprensa, que envia pessoal extra para cobrir as cúpulas e aluga sinal de satélites para a transmissão de dados a um preço médio de 250 euros (cerca de R$ 600) por 10 minutos.

O serviço de imprensa do Conselho Europeu não quis confirmar os números sobre o valor de uma cúpula em nível oficial, apesar de ter considerado as estimativas expostas neste texto como "aproximadas", pois depende do tipo de reunião, de sua duração e do número de participantes.

Nicolas Kerleroux, o chefe de imprensa da instituição, disse que as cúpulas "custam agora muito menos do que antes", referindo-se ao período anterior a 2002, quando as reuniões eram realizadas no país que exercia a Presidência rotativa da UE, o que obrigava muitas vezes que se criasse uma infraestrutura inexistente ou insuficiente.

Se cada cúpula custa em torno de 9 milhões de euros (cerca de R$ 21,7 milhões), fazendo um cálculo por baixo - e desde o início da crise em setembro de 2008 foram realizadas 26 reuniões deste tipo, ordinárias e extraordinárias -, a UE e seus Estados-membros gastaram com estas reuniões desde o início da crise em torno de 234 milhões de euros (cerca de R$ 565 milhões). EFE

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