Óscar Tomasi.
Londres, 30 jul (EFE).- Mark Price é funcionário de uma empresa
de mensagem que quebrou paradigmas com seu primeiro filme, "Colin",
ao conseguir que fosse exibido em todo o Reino Unido, apesar de a
produção ter sido rodada com um orçamento de 45 libras - 50 euros.
O orçamento "exorbitante" foi destinado a "comprar chá, café... e
alavancas" - chave no cenário do longa-metragem-, explicou à Agência
Efe Price, que confirmou que o filme será exibido em outubro em
Sitges, nordeste da Espanha, no Festival Internacional de Cinema
Fantástico da Catalunha.
O britânico, de 30 anos, é roteirista, diretor e produtor deste
filme, que chegará às salas britânicas coincidindo com o Halloween,
em 31 de outubro, e que conta a história de um zumbi a partir de uma
perspectiva diferente da habitual: a do próprio morto-vivo.
O ator Alastair Kirton interpreta Colin, um homem que é mordido
por um zumbi, morre e ressuscita como um deles.
A gravação foi realizada entre Gales e Inglaterra, começou em
agosto de 2005 e sua montagem durou 18 meses.
Para o filme foram utilizadas apenas "duas câmeras domésticas",
ressaltou Price como exemplo da falta de recursos que a produção
enfrentou para ser lançada.
As tarefas de edição foram feitas pelo próprio Price no
escritório onde trabalha -situado em Londres- com a única ajuda de
um computador e alguns softwares básicos, como o Adobe Premier 6, um
aplicativo "muito antigo", nas palavras do próprio diretor.
Durante os 97 minutos de filme, a profusão de sangue que
caracteriza o gênero escorre pela tela, com cenas especialmente
violentas, como uma em que se crava uma estaca no olho de uma das
vítimas e que faz parte do trailer disponível em www.nowherefast.tv.
Para recriar o sangue foi usado "corante alimentício - fornecido
por um amigo- misturado com água quente", explicou Price.
Apesar de ter recebido no ano o prêmio especial do júri do
festival de cinema de Revenant (Seattle, Estados Unidos) -
especializado em filmes sobre zumbis - a busca de uma distribuidora,
incluindo uma visita ao Festival de Cannes, não foi fácil.
"(Em Cannes) Não tinha nada a perder, portanto pedi emprestado a
um amigo calças, mas eram grandes demais e caíam. Encontrei uma loja
barata com algumas por 10 libras (11,6 euros), e uma camisa branca
de 35 libras (40 euros), portanto só ir a uma projeção custou mais
que meu filme", contou ao "The Daily Telegraph".
O longa-metragem pôde ser realizado com orçamento tão baixo
graças também ao uso das redes sociais Facebook e MySpace, através
das quais Price convocou pessoas para completar sua equipe, formada
por cerca de 100 indivíduos, embora a maioria tenha sido só "amigos
e amigos de amigos".
O filme recebeu críticas positivas entre os amantes do cinema de
terror e continua utilizando a internet para se promover.
"Gosto de que as pessoas tenham a oportunidade de ver o filme,
mas não acho que vamos fazer uma fortuna com ela", disse o criador
do projeto, que assegurou que se conformaria em ganhar o suficiente
para poder rodar o próximo longa. EFE