SÃO PAULO (Reuters) - O dólar à vista acelerou alta ante o real na tarde desta segunda-feira, com operadores atribuindo o movimento a notícia de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria avaliando elevar o salário mínimo de 2023 acima do valor de 1320 reais.
Às 15:45 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,62%, a 5,1393 reais na venda. A sessão é de menor liquidez por causa de feriado de Martin Luther King Jr. nos Estados Unidos.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 15:45 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,74%, a 5,1540 reais.
Lula avalia elevar o salário mínimo deste ano para acima dos 1.320 reais prometidos pelo governo, disse a Broadcast, agência do jornal O Estado de S.Paulo, citando técnicos da equipe econômica. O Ministério da Fazenda é contrário à proposta, e o valor final e a data de início de vigência ainda não foram definidos, segundo a reportagem.
Questionado pela Reuters, o Ministério da Fazenda afirmou que a posição da pasta sobre o salário mínimo foi externada pelo ministro Fernando Haddad em entrevista à imprensa. Na ocasião, Haddad indicou que o salário mínimo neste ano ficará em 1.302 reais, como proposto pelo governo anterior e que já está em vigor, sem aumento adicional. O ministro argumentou que o valor já representa um ganho de 1,4% acima da inflação e atende a promessa de Lula de conceder reajustes reais anuais ao mínimo.
No mercado, alguns analistas vinham mencionando nas últimas sessões como positivo para o real rumores de que o salário mínimo de 1.320 reais, com reajuste de 3% acima da inflação, poderia entrar em vigor apenas dentro de alguns meses. Segundo eles, isso teria efeito positivo nas contas públicas, à medida que o valor é indexador de outras despesas.
Até acelerar ganhos, o dólar mostrava pouca variação na sessão desta segunda-feira, alternando principalmente estabilidade e elevações tímidas, em movimento em linha com o fortalecimento da moeda norte-americana no exterior.
O dólar exibia alta de cerca de 0,2% contra uma cesta de moedas fortes, enquanto também apresentava ganhos ante os principais pares emergentes do real.
A queda de commodities, como o minério de ferro, também foi citada por analistas como um fator desfavorável ao real na sessão.
Localmente, além da questão do salário mínimo, a presença do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Fórum Mundial Econômico, em Davos, estava em foco. Na Suíça, ele afirmou a jornalistas que sua participação no fórum será focada em transmitir mensagens de compromisso fiscal, sustentabilidade e defesa da democracia.
O Ministério da Fazenda disse que ele deve falar novamente com jornalistas cerca de 16h (horário de Brasília).
Mais cedo, o vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Geraldo Alckmin, disse nesta segunda a uma plateia de empresários da indústria que o governo do presidente Lula não removerá a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e afirmou que a meta é extinguir o imposto.
(Por André Romani, com reportagem adicional de Berardo Caram)