SÃO PAULO (Reuters) - O dólar ampliava a queda e voltava abaixo de 3,90 reais nesta quinta-feira, reagindo a operações relacionadas ao fim do mês em um mercado que tem sofrido com baixo volume de negócios devido às incertezas políticas e econômicas no Brasil.
Às 15:43, o dólar recuava 1,40 por cento, a 3,8654 reais na venda. Na mínima do dia, a moeda norte-americana caiu 1,80 por cento, a 3,8496 reais, e, na máxima, subiu 0,95 por cento, a 3,9574 reais.
Segundo operadores, muitos agentes financeiros desmontavam suas apostas na alta do dólar, com a moeda norte-americana caminhando para fechar o primeiro mês de queda após três meses seguidos de alta. A divisa acumulou queda de 1,14 por cento neste mês até a véspera.
"O mercado está muito técnico, muito pequeno. Quem estava comprado em dólar e perdeu dinheiro neste mês não quer dobrar a aposta, e o efeito de deixar essa posição vencer é o mesmo de um fluxo de entrada", disse o operador da gestora de recursos de um banco internacional.
O efeito desse movimento era amplificado pelo baixo volume de negócios. Investidores vêm evitando fazer grandes operações devido ao quadro político e econômico incerto no Brasil, com dificuldades cada vez maiores no campo fiscal.
Nesta manhã, foi divulgado que o governo central registrou em setembro déficit primário menor que o esperado, mas influenciado pelo não pagamento no mês de adiantamento de 13º salário a aposentados. Essa despesa deve entrar na conta em outubro.
A prudência vinha também após o Fed sinalizar, na véspera, que pode elevar a taxa de juros em dezembro. Se confirmada, essa decisão tende a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em países como o Brasil, pressionando o câmbio local.
O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no terceiro trimestre, embora aquém das expectativas, não dissuadiu investidores dessa perspectiva, uma vez que ainda indicou demanda doméstica sólida.
Essa perspectiva chegou a levar o dólar a subir ante o real nesta manhã, mas o movimento perdeu força. Operadores afirmaram que a mudança não veio em reação a notícias ou fundamentos, e sim a operações pontuais que tiveram seu efeito amplificado pela baixa liquidez.
"Não tem liquidez, não tem lote. O mercado está muito pequeno", disse o especialista em câmbio da corretora Icap, Italo Abucater.
Em reunião com parlamentares nesta quinta-feira, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, defendeu que o Brasil não deve mexer nas reservas internacionais no atual contexto, já que elas têm funcionado como um seguro para a economia brasileira, segundo gravação feita por um dos participantes da reunião obtida pela Reuters.
Nesta manhã, o BC concluiu a rolagem integral dos swaps cambiais que vencem em outubro. O próximo lote de swaps vence em 1º de dezembro e equivale a 4,832 bilhões de dólares.
(Por Bruno Federowski)