SÃO PAULO (Reuters) - O dólar operava em queda ante o real nesta sexta-feira, depois que o relatório sobre o mercado de trabalho norte-americano revelou menor criação de vagas do que o esperado em março, o que não endossa a necessidade de mais altas de juros além das duas já precificadas pelo mercado para este ano.
Às 10:34, o dólar recuava 0,57 por cento, a 3,1278 reais na venda, depois de tocar a mínima de 3,1173 reais. O dólar futuro tinha baixa de 0,46 por cento.
"O relatório do mercado de trabalho tirou força dos falcões que queriam três altas de juros neste ano, mas o mercado não está completamente entusiasmado por causa da cena geopolítica", disse um gestor de uma corretora nacional.
Os Estados Unidos criaram 98 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola em março, bem menos do que os 180 mil postos projetados em pesquisa da Reuters. Trata-se do menor número de vagas em 10 meses.
Mas a queda na taxa de desemprego para a mínima de quase 10 anos de 4,5 por cento, ante 4,7 por cento, indica que o mercado de trabalho continua a apertar.
Após a divulgação do dado, os juros futuros norte-americanos passaram a indicar menores chances de uma alta de juros em junho --mas ainda majoritárias--, como também em setembro.
No exterior, o mercado também trabalhava atento ao noticiário geopolítico, depois que os Estados Unidos atacaram uma base aérea na Síria de onde autoridades norte-americanas afirmam que foi lançado um ataque com armas químicas nesta semana.
O ataque pode levar a um confronto com a Rússia, que já se posicionou contra, embora o presidente Donald Trump tenha recebido apoio de diversos dirigentes mundiais.
No exterior, o dólar subia ante uma cesta de moedas e ante divisas de países emergentes, como os pesos chileno e a lira turca
A cautela com a reforma da Previdência no Brasil também seguia como pano de fundo dos negócios nesta sessão, com os investidores mais calmos após o nervosismo da véspera que levou a um movimento forte de operações para limitar perdas que içou o dólar ante o real para perto de 3,15 reais.
"O mercado vai remoer a reforma até que o parecer do relator seja apresentado, depois da Páscoa. Sabe que o governo terá que fazer concessões, mas ainda está acreditando que a reforma passará, o que aliviava um pouco a pressão altista nos negócios hoje", explicou o diretor da consultoria de valores imobiliários Wagner Investimentos, José Faria Júnior.
O relator Arthur Maia (PPS-BA) apresentará seu parecer no próximo dia 18 de abril.
O Banco Central brasileiro não anunciou intervenção no mercado de câmbio para esta sessão, por enquanto. Em maio, vencem 6,389 bilhões de dólares em swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares.
(Por Claudia Violante)