SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava ante o real nesta quinta-feira, acompanhando o movimento da divisa nos mercados internacionais, diante de expectativas menores de que o Federal Reserve comece a elevar os juros já em junho, mas reduziu as perdas ao longo da manhã em meio às persistentes preocupações com a situação política e econômica do Brasil.
Às 12h01, a moeda norte-americana caía 0,45 por cento, a 3,1136 reais na venda, após chegar a cair mais de 1 por cento e atingir 3,0764 reais na mínima da sessão. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro estava em torno de 22,4 milhões de dólares.
"O dólar está se enfraquecendo hoje enquanto agentes do mercado consideram o risco de que a força recente do dólar desacelere o ritmo das altas de juros (nos EUA)", escreveram os analistas do Scotiabank Eric Theoret e Camilla Sutton em nota a clientes.
"Na ata mais recente (do Fed), a força do dólar foi mencionada; a principal preocupação é com a possibilidade de colocar pressão temporária para baixo sobre a inflação", acrescentaram.
O dólar recuava globalmente nesta sessão, uma vez que a manutenção de juros mais baixos nos EUA manteria a atratividade de papéis de outros países. Essa perspectiva ganhou mais força nesta manhã após dados fracos sobre as vendas no varejo norte-americano.
Mas investidores continuavam apreensivos no mercado brasileiro, em meio a temores de que a resistência política à presidente Dilma Rousseff dificultem ainda mais o ajuste fiscal. Dúvidas sobre o futuro do programa de intervenções diárias do Banco Central no câmbio, marcado para durar até pelo menos o fim deste mês, também sustentavam as preocupações.
"A 'rainha volatilidade' continua reinando", afirmou o operador da corretora Correparti Jefferson Luiz Rugik.
BC
Na véspera, a incerteza sobre a atuação do BC ganhou mais corpo após o Tesouro aceitar, em leilão de troca de Notas do Tesouro Nacional - Série B (NTN-Bs, títulos corrigidos pela inflação oficial), ofertas de Notas do Tesouro Nacional - Série A3 (papéis indexados à variação cambial).
A operação ajudou a elevar o dólar na sessão passada, uma vez que os investidores que detinham esses papéis foram ao mercado para cobrir sua exposição. Além disso, o leilão deu força à percepção de que o governo entende que o dólar ainda deve subir mais.
"Se o governo achar que o dólar pode subir mais, é melhor pagar a variação cambial de agora do que a que pode vir", explicou o operador de papéis de uma corretora nacional. Essa percepção, por sua vez, reforçou as expectativas de que o BC pode não estender seu programa de intervenções diárias.
"Antes, você tinha o BC segurando o câmbio aos trancos e barrancos. Agora, indicou que vai deixar o dólar ir aonde for necessário pra equilibar a economia", acrescentou.
O BC vendeu a oferta total de swaps cambiais pelo leilão diário desta manhã, colocando o equivalente a 98 milhões de dólares no mercado. Foram vendidos 1.400 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 600 para 1º de março de 2016.
A autoridade monetária também vendeu a oferta integral no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, foram rolados cerca de 32 por cento do lote total, que corresponde a 9,964 bilhões de dólares.
(Por Bruno Federowski)