Dólar cai no exterior com apostas em corte de juros e pacote fiscal de Trump

EdiçãoJulio Alves
Publicado 01.07.2025, 08:28
© Reuters.

Investing.com – O dólar aprofundava suas perdas nesta terça-feira, atingindo os menores níveis em anos, diante da crescente expectativa de cortes nas taxas de juros nos Estados Unidos e das preocupações fiscais associadas ao novo plano de gastos do presidente Donald Trump.

Às 7h45 de Brasília, o Índice do Dólar, que mede o desempenho da moeda frente a uma cesta com seis divisas principais, recuava 0,44%, a 96,07, no menor patamar desde fevereiro de 2022.

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A queda da moeda reflete, em grande parte, o aumento das apostas de que o Federal Reserve reduzirá os juros nos próximos meses. Além disso, o otimismo em torno de possíveis acordos comerciais e os embates políticos envolvendo o projeto de lei que prevê cortes de impostos e novos gastos também contribuíram para o movimento.

“Estamos observando uma tendência de desvalorização contínua do dólar, agora mais bem caracterizada como uma trajetória ordenada de baixa. Após uma depreciação com viés estrutural em abril, as perdas mais recentes assumem um caráter cíclico, à medida que o mercado precifica uma flexibilização iminente por parte do Fed”, avaliou o ING em relatório.

As pressões por um relaxamento monetário vêm ganhando força especialmente após o presidente Trump enviar ao chair do Fed, Jerome Powell, uma lista com as taxas básicas de outros bancos centrais, acompanhada de comentários manuscritos sugerindo que a taxa americana deveria se situar entre os 0,5% do Japão e os 1,75% da Dinamarca.

As repetidas críticas de Trump ao Fed e a Powell intensificaram as dúvidas sobre a autonomia da autoridade monetária, o que acabou afetando a confiança na moeda americana.

Outro ponto de atenção é o impasse no Senado em relação ao projeto de cortes de impostos e aumento de gastos proposto pela Casa Branca, que enfrenta resistência dentro do próprio partido do presidente por conta do impacto estimado de US$ 3,3 trilhões sobre a dívida pública.

“Para manter a trajetória de baixa no curto prazo, o dólar precisará de novos gatilhos macroeconômicos. As próximas leituras do ISM de manufatura de junho e os dados de vagas JOLTS, divulgados nesta terça, podem cumprir esse papel”, completou o ING.

Euro próximo dos maiores níveis desde 2018

Na Europa, o EUR/USD registrava queda marginal de 0,1%, a 1,1781, após tocar 1,1808, seu maior valor em quatro anos.

De janeiro a junho, a moeda comum da zona do euro avançou 13,8%, o melhor desempenho semestral já registrado, segundo dados da LSEG.

Os investidores aguardam a prévia da inflação anual da região, que deve atingir 2% em junho, percentual alinhado com a meta do Banco Central Europeu.

O BCE cortou juros pela oitava vez consecutiva no início do mês, mas indicou que poderá interromper o ciclo de afrouxamento na próxima reunião, mencionando riscos associados às tensões comerciais com os Estados Unidos.

Ainda nesta sessão, serão divulgados os índices de atividade industrial da França, Alemanha e da própria zona do euro, além de discursos de dirigentes monetários no fórum do BCE em Sintra, Portugal.

O GBP/USD subia 0,3%, a 1,3764, perto da máxima em três anos e meio alcançada na semana anterior.

No Reino Unido, os preços de imóveis caíram 0,8% em junho, superando as previsões e registrando o recuo mensal mais intenso em mais de dois anos, segundo dados da Nationwide.

“O ambiente político também pode pesar sobre a libra. O primeiro-ministro Keir Starmer enfrenta dissidências internas relacionadas ao pacote de reforma do bem-estar social. O governo já cedeu aproximadamente £4 bilhões em negociações para garantir a aprovação do projeto, ainda assim, sua aprovação segue incerta. Um revés legislativo pode impactar a libra e os gilts, pois reforçaria a percepção de que novas concessões fiscais seriam inevitáveis em um contexto de restrições orçamentárias”, destacou o ING.

Iene avança com busca por segurança

Na Ásia, o USD/JPY recuava 0,7%, a 143,06, com o iene se valorizando em meio à demanda por ativos considerados porto seguro, após o presidente Trump criticar o Japão por suposta relutância em importar arroz dos EUA e sugerir a suspensão das tratativas comerciais com Tóquio.

Autoridades japonesas afirmaram nesta terça-feira que seguem em busca de um acordo tarifário com os americanos, mas reiteraram que não sacrificarão o setor agrícola nacional para alcançar um consenso.

O USD/CNY teve leve baixa para 7,1624, aproximando-se dos melhores níveis desde novembro, em meio à divulgação de dados favoráveis sobre o setor industrial.

O PMI Caixin de junho mostrou que a indústria manufatureira chinesa voltou à zona de expansão, refletindo os efeitos positivos do recente acordo entre Washington e Pequim para reduzir, ainda que temporariamente, as tarifas aplicadas bilateralmente.

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