Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar iniciava 2023 em alta frente ao real, em segunda-feira marcada por baixa liquidez na esteira das festas de fim de ano, enquanto investidores digeriam novas críticas ao teto de gastos e medidas para travar privatizações por parte do recém-empossado presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Por volta de 9h40 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,20%, a 5,3413 reais na venda. No pico do dia, a divisa norte-americana chegou a subir 1,62%, a 5,3633 reais na venda.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 9:47 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,01%, a 5,3750 reais.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aprofundou seu discurso social ao assumir no domingo o comando do Palácio do Planalto pela terceira vez, voltando a criticar a regra do teto de gastos, que classificou de "estupidez", e prometendo revogá-la, ainda que tenha rejeitado fazer qualquer "gastança" e tenha prometido um governo responsável.
"O discurso de Lula ressaltou sua visão de um Estado indutor do crescimento, além de criticar o teto de gastos e a reforma trabalhista", avaliou a Guide Investimentos em nota a clientes. "Seu discurso remeteu aos seus governos anteriores, tanto nos acertos quanto nos erros."
Além disso, nesta segunda-feira, Lula determinou a ministros que adotem providências para revogar atos que dão andamento à privatização de uma série de estatais, como Petrobras (BVMF:PETR4), Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA) e Correios.
Os mercados já antecipavam medidas do tipo uma vez que Lula sempre deixou claro ser contra privatizações, mas a notícia serviu de lembrete dos entraves que as pautas liberais devem enfrentar ao longo dos próximos quatro anos de governo.
Também desagradou aos investidores a indicação por Lula do senador Jean Paul Prates (PT-RN) para comandar a Petrobras em seu governo, mesmo diante de dúvidas sobre sua elegibilidade ao cargo.
Segundo relatório da Genial Investimentos, a escolha "reforça que a política de preços (da Petrobras) deve ser alterada ao longo dos próximos meses".
A instituição avaliou ainda que "o início do novo governo é marcado pela desconfiança do setor privado", e que "as próximas semanas serão de suma importância para entender quais serão as diretrizes da política econômica do novo governo, sobretudo qual será a nova regra fiscal que substituirá o teto de gastos".
A saúde das contas públicas será o grande tema deste ano no mercado de câmbio, segundo analistas, que também chamam a atenção para riscos externos, uma vez que o Federal Reserve deve continuar elevando sua taxa de juros de forma a combater a inflação.
Na quinta-feira passada, última sessão de 2022, a moeda norte-americana spot teve alta de 0,43%, a 5,2779 reais na venda, acumulando queda de 5,3% no ano.