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Dólar fecha outubro com maior queda mensal desde junho de 2016; nesta sessão, sobe ante real

Publicado 31.10.2018, 17:14
© Reuters. Imagem ilustrativa de notas de real e dólar em casa de câmbio no Rio de Janeiro
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Por Claudia Violante

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar terminou outubro com a maior queda porcentual ante o real desde junho de 2016, com o resultado da corrida presidencial brasileira levando a moeda a se afastar do pico do Plano Real, acima de 4 reais, para o patamar de 3,70 reais, com o qual deve continuar flertando por enquanto.

Nesta sexta-feira, com a formação da taxa Ptax de final de mês, a moeda trabalhou bastante pressionada pela manhã, mas a alta perdeu força à tarde, embora tenha se sustentado até o fechamento sob influência do exterior.

O dólar avançou 0,87 por cento, a 3,7227 reais na venda, acumulando, em outubro, queda de 7,79 por cento, a maior desde o recuo de 11,05 por cento de junho de 2016.

Na mínima da sessão, foi a 3,6876 reais e, na máxima, a 37456 reais. O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,60 por cento.

"Para o dólar cair mais daqui para a frente, é preciso algo mais concreto, notícias de medidas", comentou o diretor da assessoria de câmbio FB Capital, Fernando Bergallo, para quem o término das eleições presidencias voltou a aproximar o exterior do mercado local.

"Via de regra, o cenário externo se sobrepõe às questões locais e lá fora o viés é de valorização", emendou, ao acrescentar que além de monitorar fatores como a trajetória de alta do juro nos Estados Unidos, as novidades sobre o novo governo também seguirão no foco dos agentes no mês que tem início nesta quinta-feira.

Os investidores estão no período de lua de mel com o governo eleito e, por enquanto, o que foi falado tem agradado, como a possibilidade de independência do Banco Central, intenção de votar a reforma da Previdência ainda este ano, redução do número de ministérios e uma superpasta chefiada pelo liberal Paulo Guedes englobando Planejamento, Fazenda e Desnvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Mas, no exterior, além da trajetória de juros nos Estados Unidos, há cautela com os desdobramentos da guerra comercial, sobretudo com a China, já que paira sobre o país a possibilidade de novas tarifas pelos Estados Unidos se um acordo não for fechado, e com o crescimento global. Na Europa, a Itália e seu orçamento e o Brexit são os focos de tensão.

"O cenário global continua hostil, portanto a história brasileira depende apenas da agenda local e dos fluxos locais. Em outras palavras, os investidores globais não vão comprar o Brasil a menos que a situação (global) se acalme", comentou um diretor de Tesouraria de um banco estrangeiro.

Nesta quarta-feira de fechamento de mês, as bolsas norte-americanas subiram, se recuperando das vendas generalizadas recentes, e o dólar avançou ante as divisas de países emergentes, após a China divulgar dados mais fracos e os Estados Unidos, mais fortes --sobre o mercado de trabalho, reforçando as expectativas otimistas para o relatório do mercado de trabalho fora do setor agrícola na sexta-feira.

O dólar tinha leve alta ante a cesta de moedas, mantendo-se em sua máxima de 16 meses e avançava mais fortemente ante as divisas de países emergentes, como os pesos mexicano e chileno.

Esse movimento externo se somou à formação da taxa Ptax de final de mês, durante a manhã, e levou o dólar a subir mais de 1 por cento na máxima do dia aqui no Brasil, para se acomodar bem abaixo disso no fechamento.

A taxa Ptax de final de mês é usada para corrigir diversos contratos de derivativos cambiais.

"A moeda deve continuar oscilando ao redor dos 3,70 reais muito provavelmente até o 1º trimestre de 2019, visto que a transição governamental está somente sendo iniciada", avaliou o diretor da NGO Corretora Sidnei Nehme.

Com a oficialização, nas urnas, do cenário que mais agradava ao mercado, havia alguma expectativa em torno do futuro dos swaps cambiais tradicionais, mas o BC sinalizou na véspera que pretende rolar integralmente o vencimento de dezembro, de 12,217 bilhões de dólares.

Em outubro até a terça-feira, o dólar caiu 8,58 por cento, ou quase 35 centavos de real, o que criava a expectativa de que a autoridade monetária poderia deixar de rolar parte de seu estoque de 68,864 bilhões de dólares.

Na noite da véspera, no entanto, o BC já anunciou leilão para esta quinta-feira leilão de 13,6 mil contratos, volume que, se repetido até o final do mês e vendido integralmente, rolará o total de dezembro.

Dólar ante real - 2018

Mês Variação

Janeiro -4,05%

Fevereiro 1,97%

Março 1,77%

Abril 6,16%

Maio 6,66%

Junho 3,76%

Julho -3,16%

Agosto 8,46%

Setembro -0,87%

© Reuters. Imagem ilustrativa de notas de real e dólar em casa de câmbio no Rio de Janeiro

Outubro 7,79%

(Edição de Camila Moreira e Iuri Dantas)

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