Dólar fecha em alta ante o real após aceleração das cotações no exterior
Investing.com – O dólar atingiu nesta terça-feira o nível mais baixo em mais de dois meses, em meio à expectativa pela decisão de política monetária do Federal Reserve e à divulgação dos dados de vendas no varejo nos Estados Unidos.
Às 7 h de Brasília, o Índice do Dólar, que mede a variação da moeda frente a uma cesta de seis divisas importantes, caía 0,26%, a 96,643, patamar mais baixo desde julho.
Mercado acompanha decisão do Fed
A ampla maioria dos investidores projeta que o Fed reduzirá a taxa de juros em 25 pontos-base na conclusão da reunião desta quarta-feira, após indicadores recentes apontarem deterioração consistente no mercado de trabalho e inflação de agosto menos intensa que o esperado.
“O dólar iniciou a semana mais fraco”, afirmou o ING em relatório. “Parte disso pode estar ligada a ajustes de posição antes do corte de juros do Fed. Além disso, o ambiente externo permanece favorável.”
Segundo o CME FedWatch, a precificação dos contratos indica 96,4% de probabilidade de corte de 25 pontos-base e 3,6% para redução de 50 pontos-base.
A agenda também inclui a divulgação das vendas no varejo de agosto, que deve oferecer sinais sobre a resiliência do consumo após a volatilidade da política comercial do governo Trump.
O ING ressaltou ainda que os números de preços de importação divulgados nesta terça-feira serão analisados de perto para avaliar quem tem absorvido os custos das tarifas: exportadores reduzindo preços, empresas americanas comprimindo margens ou consumidores pagando mais caro.
Euro avança
Na Europa, o EUR/USD subia 0,3%, a 1,1794, à espera da pesquisa de sentimento econômico ZEW da Alemanha para setembro.
“Esses indicadores podem mostrar leve melhora devido ao desempenho positivo das bolsas durante o verão, mas dificilmente terão peso decisivo sobre os mercados”, avaliou o ING.
O par se aproxima da resistência entre 1,1800 e 1,1830. Para os analistas, o principal gatilho para uma eventual quebra desse nível será a decisão do Fed.
O GBP/USD avançava 0,2%, a 1,3630, levando a libra a uma máxima em dois meses frente ao dólar.
Mais cedo, dados oficiais mostraram que a taxa de desemprego do Reino Unido permaneceu em 4,7% nos três meses até julho, maior patamar em quase quatro anos, enquanto o crescimento salarial anual recuou de 5,0% para 4,8%.
O mercado espera que o Banco da Inglaterra mantenha a taxa básica na quinta-feira, após a quinta redução em pouco mais de um ano, implementada no mês passado.
“Continuamos a considerar um corte em novembro, mas um eventual avanço da inflação já nesta quarta-feira (se não vier de itens voláteis) poderia alterar essa leitura”, observou o ING.
Iene se fortalece antes da decisão do BOJ
O USD/JPY recuava 0,5%, a 146,73, com o iene recuperando terreno após o feriado prolongado.
O Banco do Japão reúne-se na sexta-feira e deve manter a taxa em torno de 0,5%, em meio a incertezas políticas geradas pela renúncia do primeiro-ministro Shigeru Ishiba.
Ainda assim, a persistência da inflação doméstica pode levar a uma alta já em outubro, de acordo com analistas. Os dados de preços ao consumidor de agosto serão divulgados na sexta-feira, antes da decisão de política monetária.
O USD/CNY caía 0,1%, a 7,1147, com o iuane sustentado pelas promessas de novas medidas de estímulo por parte de Pequim, que anunciou a criação de “círculos de conveniência de 15 minutos” nas grandes cidades, em tentativa de apoiar o consumo privado.
Esse compromisso ocorre após uma sequência de indicadores fracos para agosto, que reforçaram os desafios da economia chinesa. A moeda permanece próxima da máxima desde novembro de 2024, apoiada por intervenções oficiais recentes.
As conversas comerciais entre Washington e Pequim também seguem no radar, em meio a atritos crescentes sobre o setor de semicondutores.
O AUD/USD subia 0,1%, a 0,6671, próximo à máxima em dez meses.