SÃO PAULO (Reuters) - O dólar retomava a trajetória de alta e subia quase 1 por cento em relação ao real nesta quarta-feira, ainda pressionado pelo quadro de apreensão com a situação política e econômica do Brasil e por incertezas sobre o futuro do programa de intervenções diárias do Banco Central no câmbio.
Às 10h45, a moeda norte-americana avançava 0,93 por cento, a 3,1328 reais na venda, após interromper na véspera série de seis altas consecutivas, por conta de operações de ajustes de carteira. Na máxima do dia, o dólar chegou a 3,1410, uma alta de 1,19 por cento.
Na noite passada, o governo acertou com líderes do Congresso Nacional a correção escalonada do Imposto de Renda da Pessoa Física proposta por seus aliados no Congresso Nacional, abrindo mão de mais de 6 bilhões de reais em receitas.
Embora a decisão aponte na direção de desanuviar as tensões entre os dois Poderes, deu força às preocupações nos mercados financeiros com a possibilidade de o governo ter de fazer mais concessões à base aliada que diminuam o impacto do ajuste fiscal.
"O fato concreto é que a questão fiscal continua no centro das atenções e resta conhecer o impacto que as concessões trarão sobre a meta de superávit primário", escreveu o operador da corretora Correparti Ricardo Gomes da Silva em nota a clientes.
Investidores também adotavam uma postura mais defensiva diante do desenrolar da investigação sobre o escândalo bilionário de corrupção na Petrobras.
Nesta manhã, a Controladoria-Geral da União determinou a abertura de processos contra mais de dez empresas, que poderiam impedi-las de celebrar novos contratos, golpeando a já enfraquecida economia brasileira.
Esse clima de preocupações contribuiu para elevar o dólar em quase 17 por cento ante o real neste ano até a sessão passada, o que alimentou a ansiedade dos mercados financeiros sobre o futuro do programa de intervenções diárias no câmbio do BC, marcado para durar até o fim deste mês.
"O dólar sobe, sobe e nada de o BC aparecer. Isso só aumenta a incerteza", disse a operadora de um banco internacional.
O BC vendeu a oferta total de swaps cambiais pelo leilão diário desta manhã, colocando o equivalente a 97,9 milhões de dólares no mercado. Foram vendidos 1.300 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 700 para 1º de março de 2016.
O BC fará ainda mais um leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril, que equivalem a 9,964 bilhões de dólares, com oferta de até 7,4 mil contratos. Até agora, a autoridade monetária rolou cerca de 25 por cento do lote total.
(Por Bruno Federowski)