Dólar salta cerca de 2% e chega a R$3,91 após S&P rebaixar Brasil a grau especulativo

Publicado 10.09.2015, 11:41
© Reuters. Nota de dólar em casa de câmbio no Rio de Janeiro.

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar saltava cerca de 2 por cento e chegou a bater 3,91 reais nesta quinta-feira, após a agência de classificação de risco Standard & Poor's retirar o selo de bom pagador do Brasil, com investidores já apostando que irá a 4 reais, maior nível já registrado, aumentando a pressão sobre a inflação.

A alta da moeda norte-americana perdeu parte da força durante a manhã, no entanto, após o Banco Central anunciar nova intervenção no câmbio, com leilão de venda de dólares com compromisso de recompra.

Às 11:38, o dólar avançava 2,12 por cento, a 3,8798 reais na venda. Na máxima do dia, subiu 3,10 por cento e alcançou 3,9173 reais, maior nível intradia desde 23 de outubro de 2002 (3,9200) reais. Foi no dia 10 de outubro daquele ano que o dólar atingiu sua máxima histórica intradia, de 4 reais.

"O dólar perto de 4 reais está precificando tudo que está acontecendo", resumiu o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho, ressaltando que novos problemas na política e na economia no Brasil, bem como altas da moeda norte-americana nos mercados externos, devem elevar ainda mais as cotações.

A S&P rebaixou o Brasil para "BB+", ante "BBB-", dez dias após o governo prever inédito déficit primário em 2016. Além de remover o grau de investimento, a S&P sinalizou que pode colocar o país ainda mais para dentro do território especulativo, ao manter a perspectiva negativa para a nota de crédito brasileira, o que significa que novo rebaixamento pode ocorrer no curto prazo.

O avanço do dólar desacelerou após o BC anunciar leilão de venda de até 1,5 bilhão de dólares com compromisso de recompra. Segundo a assessoria de imprensa, a operação não serve para rolar uma linha já existente.

A taxa de corte ficou em 4,014460 reais na primeira etapa da operação, com data de recompra em 4 de janeiro de 2016. Na segunda etapa, para 4 de abril de 2016, a taxa de corte ficou em 4,121420 reais.

Ainda de manhã, BC também dá continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em outubro, com oferta de até 9,45 mil contratos, equivalentes a venda futura de dólares.

Para o gestor da Absolute Investimentos Roberto Campos, a alta da moeda norte-americana, apesar de intensa, tem sido "comportada", sem grandes fluxos de saída de dólares no mercado à vista. "Quem quer vender Brasil, tem feito no mercado futuro, pensando que volta (ao país) quando a poeira baixar", explicou.

Em agosto, o Brasil registrou entrada líquida de 4,111 bilhões de dólares, refletindo ingressos tanto na conta financeira quanto na comercial.

"A dúvida é se em algum momento isso vai mudar, se vão colocar em questão as instituições do Brasil. Eu acho que estamos muito perto de virar essa chave", disse.

© Reuters. Nota de dólar em casa de câmbio no Rio de Janeiro.

Ele acredita que, se esse estresse se concretizar, o BC pode reforçar sua intervenção no câmbio com vendas no mercado à vista. "Grande parte da decisão de usar as reservas diz respeito à questão do grau de investimento. A partir do momento em que perdeu o grau de investimento, O BC fica mais livre para atuar no caso de um estresse".

(Por Bruno Federowski)

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