Dólar segue exterior e fecha acima de R$3,90, em dia de agenda escassa

Publicado 20.10.2015, 17:17
Dólar segue exterior e fecha acima de R$3,90, em dia de agenda escassa

Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou acima de 3,90 reais nesta terça-feira pela primeira vez em duas semanas, acompanhando os movimentos da moeda norte-americana no exterior e em mais um dia marcado por poucos negócios e noticiário escasso, com investidores ainda preocupados com a situação política e econômica do Brasil.

O dólar avançou 0,67 por cento, a 3,9028 reais na venda, maior cotação de fechamento desde 2 de outubro (3,9457 reais). A divisa dos EUA chegou a cair a 3,8472 reais na mínima do dia, mas passou a subir no início da tarde.

"Sem grandes notícias, o mercado opera pontualmente, especula bastante e o volume pequeno tende a aumentar a volatilidade", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado.

Incertezas que vão desde a permanência de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda até a possibilidade de eventual processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff vêm deixando investidores nervosos nas últimas semanas, mas o ritmo mais lento do noticiário no início desta semana levou o mercado de câmbio a reduzir a marcha.

Além disso, muitos operadores vêm evitando realizar apostas expressivas por medo de serem pegos no contrapé em um momento de fortes incertezas. "O mercado está muito machucado, não tem fluxo. Só tem estrangeiro operando", disse o especialista em câmbio da corretora Icap Ítalo Abucater.

Nesta manhã, a oposição informou que adiou para quarta-feira o protocolo na Câmara dos Deputados do novo pedido de impeachment contra Dilma.

Por outro lado, no campo fiscal, três fontes afirmaram à Reuters que o governo vai mudar a meta de superávit primário deste ano para reconhecer um déficit que pode chegar a 50 bilhões de reais e avalia incluir ainda a possibilidade de elevar esse número caso haja novas frustrações de receitas.

No campo externo, dados mistos sobre a economia dos Estados Unidos vêm trazendo dúvidas sobre se os juros norte-americanos subirão neste ano. Se de fato o Federal Reserve, banco central dos EUA, adiar o início do processo de alta de juros, ativos de países emergentes, que pagam juros elevados, seriam beneficiados.

No exterior, a moeda dos EUA subiu em relação a divisas emergentes como os pesos chileno e mexicano, em meio a persistentes preocupações com o crescimento econômico global.

"Na verdade, o mercado está cauteloso, esperando novidades. O que deixa todo mundo nervoso é que essa pode ser uma calma que antecede a tempestade", disse o operador de um banco internacional, sob condição de anonimato.

Nesta manhã, o Banco Central deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em novembro, vendendo a oferta total de até 10.275 contratos, equivalentes a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou 6,655 bilhões de dólares, ou cerca de 65 por cento do lote total, que corresponde a 10,278 bilhões de dólares.

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