Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta ante o real nesta sexta-feira, retomando a pressão vista durante a maior parte deste mês após dar um respiro na sessão passada, com investidores minimizando o bom humor nos mercados externos e focando na deterioração dos fundamentos macroeconômicos brasileiros.
A moeda norte-americana subiu 0,37 por cento, a 2,8313 reais na venda, após acumular alta de quase 5 por cento neste mês até a véspera, renovando as máximas em mais de uma década. Na semana, o dólar acumulou alta de 1,91 por cento ante o real.
Na máxima desta sessão, a divisa alcançou 2,8590 reais, alta de 1,35 por cento e, na mínima, recuou a 2,8156 reais.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,1 bilhão de dólares.
"Por um lado, o mercado externo está bem favorável. Mas, por outro, o lado doméstico não ajuda. Então o mercado opera de uma forma um pouco indecisa", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta.
Alguns investidores temiam que a perspectiva de contração econômica e inflação acima do teto da meta neste ano, somada à crise na Petrobras e ao possível racionamento de energia e água, possa provocar a perda do grau de investimento brasileiro, o que diminuía o apetite por ativos domésticos.
"Se não tivermos nenhuma marola, sobreviveremos a 2015. Mas se houver qualquer marolinha, o cenário se complica muito", disse o estrategista da corretora Coinvalores Paulo Celso Nepomuceno.
Por isso, o mercado doméstico se descolou um pouco do quadro externo, onde o acordo de cessar-fogo na Ucrânia e esperanças de um compromisso que resolva o impasse em torno da dívida da Grécia traziam alívio aos mercados financeiros, bem como dados melhores do que o esperado sobre a economia da zona do euro, destacadamente a Alemanha.
Investidores também seguiram atentos à política de intervenções do Banco Central brasileiro, que voltou a atrair atenções com a pressão cambial recente. A dúvida é se o BC estenderá o programa de intervenções diárias, marcado para durar "pelo menos" até 31 de março.
Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 2 mil swaps cambiais pelas rações diárias, com volume correspondente a 97,8 milhões de dólares. Foram vendidos 600 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.400 contratos para 1º de fevereiro de 2016.
O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a 10,438 bilhões de dólares. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 60 por cento do lote total.