Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuperou o terreno perdido na véspera e fechou com valorização ante o real nesta terça-feira, acompanhando o movimento altista no exterior e pressionado por fluxo comprador de importadores.
A moeda norte-americana subiu 1,54 por cento, maior alta percentual desde 13 de setembro, e fechou a 3,2551 reais na venda.
Na mínima do dia, o dólar tocou 3,2066 reais e, na máxima, 3,2602 reais. O dólar futuro subia 1,30 por cento nesta tarde.
"O aparente catalisador para esse fortalecimento global do dólar seria o aumento da probabilidade de elevação dos juros ainda esse ano pelo Fed, o que leva ao ajuste de posições em escala global, especialmente no período da tarde, quando recebemos importante notícia em relação ao BCE (Banco Central Europeu) e a condução de sua política monetária", comentou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.
A agência de notícias Bloomberg noticiou que o BCE provavelmente vai encerrar lentamente as compras de títulos antes de por fim ao programa de "quantative easing", o que poderia ocorrer em reduções mensais de 10 bilhões de euros. O porta-voz do BCE, contudo, negou que a autoridade monetária europeia tenha discutido redução no volume de compra de títulos.
Declarações de dirigentes do Federal Reserve, banco central norte-americano, também contribuíam para influenciar a alta do dólar no exterior.
O presidente do Fed de Richmond, Jeffrey Lacker, disse nesta terça-feira que teria votado a favor de uma alta de juros na reunião de política monetária do Fed em setembro se tivesse direito a voto.
Na segunda-feira, a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, já havia defendido aumento de juros.
"Embora ele não tenha voto este ano no Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto), (Lacker) é mais um dirigente a falar sobre o aumento dos juros e isso influencia", disse o diretor Correparti Corretora, Jefferson Rugik.
Alguns indicadores norte-americanos divulgados na véspera também pressionaram as cotações da moeda norte-americana para cima ante outras divisas, como de países emergentes, como o peso mexicano, o rand sul-africano e a lira turca.
Durante a manhã, a moeda havia dado um repique de alta com declaração do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, sobre swap cambial. Ele disse que o câmbio não está sendo utilizado como instrumento para controlar a inflação. Segundo ele, se assim fosse, o BC não estaria reduzindo o estoque de swaps.
"O mercado entendeu que se o BC quisesse que o dólar caísse, não faria o swap reverso (equivalente a compra futura de dólares) e deixaria o dólar afundar", avaliou o diretor de operações da corretora Mirae Asset, Pablo Spyer.
Ilan falou ainda que o BC está num processo de redução dos swaps cambiais.
O Banco Central vendeu nesta manhã toda a oferta de 5 mil contratos de swap cambial reversos.