Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - Em um dia marcado pela última ata do Copom, o dólar à vista fechou a terça-feira em alta ante o real, após sinalizações de que o Banco Central poderá começar a cortar juros no Brasil já em agosto, enquanto no exterior o viés predominante para a divisa norte-americana era negativo.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,7985 reais na venda, com alta de 0,68%.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 17:13 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,61%, a 4,7990 reais.
Pela manhã, o dólar chegou a recuar, marcando a cotação mínima de 4,7510 reais (-0,32%) às 9h26, seguindo a tendência mais recente de baixa ante a moeda brasileira e em sintonia com o exterior, onde a divisa norte-americana também cedia.
Mas perto das 10h o dólar migrou para o positivo. Por trás do movimento estiveram a divulgação da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC e o resultado do IPCA-15 de junho -- ambos com indicações de que o início do ciclo de cortes da taxa básica Selic poderá começar em agosto.
Após ter mantido a taxa básica Selic em 13,75% ao ano na semana passada, o Copom adotou um tom considerado mais ameno -- ou dovish, no jargão do mercado -- na ata.
Em um dos trechos mais significativos, o colegiado registrou que “a avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”.
No mercado, a avaliação foi de que o BC abriu a porta para o início do processo de cortes da Selic.
Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA-15 de junho subiu 0,04%, taxa mais baixa em nove meses, contra alta de 0,51% em maio. Em 12 meses até junho, o avanço acumulado é de 3,40%, resultado mais baixo desde setembro de 2020 (2,65%).
“No início do dia, o dólar acompanhou lá fora, onde a divisa estava se desvalorizando. Depois veio o IPCA-15, sugerindo corte de juros já em agosto. E a ata também veio no sentido de corte de juros”, comentou Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.
A expectativa de uma Selic mais baixa, para o mercado de câmbio, se traduz em um diferencial de juros menor para o Brasil, o que em tese tende a reduzir o fluxo de moeda norte-americana para o país.
Com isso, as cotações do dólar tendem a se ajustar em alta, com investidores recompondo parte das posições compradas na moeda norte-americana.
Ainda assim, o avanço do dia foi incapaz de fazer a divisa superar os 4,80 reais no mercado à vista, em um sinal de que a visão mais geral sobre o Brasil ainda é positiva.
No exterior, no fim da tarde o dólar mantinha-se em baixa ante uma cesta de divisas fortes.
Às 17:13 (de Brasília), o índice do dólar --que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas-- caía 0,24%, a 102,480.