Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar devolveu fortes ganhos de mais cedo e passava a cair acentuadamente contra o real, que apresentava o melhor desempenho global nesta sexta-feira, apesar da força internacional da moeda norte-americana na esteira de dados de emprego robustos dos Estados Unidos.
Às 12:02 (de Brasília), o dólar à vista recuava 0,60%, a 5,1915 reais na venda, depois de chegar a saltar 1,08% no pico do dia, a 5,2790 reais.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 12:02 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,41%, a 5,2295 reais.
A queda do dólar era influenciada por ingressos de recursos de investidores estrangeiros, em meio a visões de maior atratividade da renda fixa e da bolsa um dia depois de o mercado avaliar que o Banco Central pode já ter encerrado o ciclo de aperto monetário.
A queda da moeda norte-americana no mercado doméstico vinha na contramão do desempenho do índice do dólar contra uma cesta de rivais fortes, que ganhava quase 1% por volta de 11h50 (de Brasília), na esteira da notícia de que os EUA abriram 528 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola no mês passado.
O dado veio bem acima da expectativa em pesquisa da Reuters, de criação de 250 mil postos.
O dólar chegou a saltar 1,08%, para 5,279 reais, logo depois da divulgação do "payroll", mas com a abertura dos negócios em Nova York o fluxo de venda de moeda no mercado local aumentou e fez a cotação não apenas zerar as perdas mas virar e cair 0,72%, a 5,1852 reais, na mínima.
Jerson Zanlorenzi Jr., responsável pela mesa de ações e derivativos do BTG Pactual (BVMF:BPAC11), notou em postagem no Twitter o arrefecimento do dólar depois do salto inicial em resposta aos dados dos EUA, dizendo que a leitura robusta aliviou receios de recessão na maior economia do mundo.
Já Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, disse à Reuters que a força do emprego sugere que o nível de demanda nos Estados Unidos continuará elevado, fornecendo argumentos ao Federal Reserve para que siga firme no aumento dos custos dos empréstimos. A autoridade monetária dos EUA já subiu os juros em 2,25 pontos percentuais desde março.
Contratos futuros vinculados à taxa básica do Fed precificavam 65% de chance de adoção de um aumento de juro de 0,75 ponto percentual na reunião de política monetária de setembro do banco central, contra probabilidade de apenas pouco mais de 40% antes dos dados de emprego.
"O BC norte-americano, uma vez que deve aumentar os juros para desaquecer esse nível de demanda, torna os títulos do Tesouro dos EUA mais atraentes, porque pagam taxa maior", disse Argenta, afirmando que isso é favorável ao dólar e pinta um cenário desafiador para moedas de países emergentes à frente.
O dólar acumula baixa de 6,8% contra o real no ano, mas está quase 13% acima da mínima para encerramento de 2022, de 4,6075 reais, atingida no início de abril.
(Edição de Isabel Versiani)