Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou em alta moderada ante o real nesta segunda-feira, influenciado pelo rali da moeda no exterior após dados fracos da China, mas a cotação ficou a uma boa distância das máximas da sessão, com fluxo estrangeiro para a renda fixa amenizando a pressão compradora, segundo relatos.
O dólar à vista subiu 0,36%, a 5,0926 reais.
O real perdeu valor junto com boa parte de seus pares emergentes e/ou mais correlacionados aos preços das matérias-primas, depois que dados sombrios da China intensificaram temores sobre uma desaceleração econômica na segunda maior economia do mundo --e voraz consumidora de commodities vendidas por emergentes como o Brasil. Para abafar novos receios, o banco central chinês cortou inesperadamente os juros.
No pior momento do dia no mercado à vista, o dólar chegou a bater 5,1418 reais, em alta de 1,33%. Mas uma recuperação, ainda que parcial, da demanda por ativos de risco no mundo --as bolsas de valores dos EUA abandonaram perdas e fecharam em alta, por exemplo-- chamou algumas vendas de moeda por parte de estrangeiros, movimento que também explica a queda nas taxas dos contratos de juros DI negociados na B3 (BVMF:B3SA3).
Apesar da alta desta segunda-feira, o dólar segue próximo do menor valor em dois meses atingido no fim da semana passada e bem distante da máxima perto de 5,52 reais alcançada em meados de julho.
Especialistas têm citado o renovado apelo do real aos olhos de arbitradores de taxas de juros num cenário que combina possível fim do ciclo de alta de juros pelo BC brasileiro e esperanças de abrandamento no ritmo de aperto monetário nos EUA.
Dados de uma agência norte-americana mostraram que especuladores que operam na Bolsa de Chicago pararam de aumentar posições negativas no real na semana finda em 9 de agosto.
Estrategistas do Bank of America (NYSE:BAC) recomendam a investidores que fiquem longe de posições vendidas em dólar --ou seja, que ganham com a desvalorização da moeda norte-americana--, mas ressalvam que, no relativo, o real e o peso mexicano tendem a registrar desempenho superior ante seus pares latino-americanos.
"O real é apoiado por um 'carry' (taxa de retorno) muito grande e pela recente recuperação dos preços das commodities", disseram estrategistas em relatório.
Embora ressaltem que a eleição presidencial de outubro "seja um risco" no Brasil, a expectativa é que o mercado continue esperando um resultado relativamente neutro em termos de política macroeconômica, com incerteza menor do que em outras eleições na região, uma vez que ambos os principais candidatos já são bem conhecidos, pontuaram.
O Goldman Sachs (NYSE:GS) vê o real como uma das "opções atrativas" para estratégias de venda de euro em caso de alívio em temores de recessão fora da Europa e inclui na conta peso colombiano e novamente peso mexicano.
Desde o pico de quase 5,64 reais de 25 de julho, o euro já caiu 8,3%, para cerca de 5,17 reais.