Por Peter Nurse
Investing.com — O dólar se valorizava durante as negociações desta quarta-feira na Europa, aproximando-se da máxima de 20 anos, após o presidente da Rússia, Vladimir Putin, elevar as tensões contra a Ucrânia, além da expectativa de mais um aumento de juros nos EUA.
Às 9h de Brasília, o Índice Dólar, que rastreia a moeda americana contra uma cesta de seis divisas, avançava 0,46%, a 110,76, perto do pico de duas décadas de 110,79 alcançado neste mês.
O presidente russo, Vladimir Putin, decretou a mobilização de 2 milhões de reservistas dos país em um pronunciamento em vídeo gravado nesta quarta-feira, confirmando sua intenção de anexar partes da Ucrânia que atualmente estão sob ocupação de Moscou.
Putin também elevou a temperatura geopolítica, fazendo uma ameaça velada de usar o arsenal nuclear do país para defender suas conquistas na Ucrânia, ao mesmo tempo em que acusa o Ocidente de praticar “chantagem nuclear” contra seu governo.
“Se a integridade territorial da Rússia for ameaçada, usaremos todos os meios à nossa disposição. Isso não é um blefe”, afirmou Putin.
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Com isso, o euro passou a registrar perdas, desvalorizando-se 0,64%, a 0,9906 contra o dólar, e se aproximando do seu menor patamar de câmbio, um pouco abaixo de 0,99, desde o início de setembro.
O dólar também se beneficiou da expectativa de que o Federal Reserve anuncie um aumento de juros de pelo menos 75 pontos-base nesta quarta-feira, na tentativa de combater a inflação em alta no país.
No entanto, não se pode descartar completamente um aumento de um ponto percentual, após o índice de preços ao consumidor (IPC), divulgado na semana passada, permanecer perto das máximas de 40 anos.
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“Não há qualquer razão para que o Fed suavize o rigor demonstrado no último simpósio de Jackson Hole, de modo que uma elevação de 75 pb deve manter o dólar perto das máximas do ano", disseram analistas do ING, em nota.
As expectativas fizeram com que a taxa da nota de dois anos do Tesouro americano subisse para 3,992% durante a noite, nível mais alto desde 2007, enquanto o rendimento do título referencial de dez anos alcançou 3,604%, maior patamar desde 2011.
O iene japonês se valorizava 0,23%, para 143,64, contra o dólar, graças ao status de porto seguro da moeda japonesa, apesar da pressão exercida pelo aumento das taxas dos títulos americanos. O iene acumula uma perda de 20% contra a moeda americana neste ano.
A próxima reunião de política monetária do Banco do Japão será realizada na quinta-feira, e a expectativa é que a instituição mantenha suas medidas de estímulo ultraflexíveis, mesmo diante da divulgação de dados, na terça-feira, mostrando que a inflação básica no país subiu para 2,8% em agosto, seu ritmo mais acelerado de avanço em quase oito anos.
A libra esterlina recuava 0,35%, a 1,1338 contra o dólar, registrando uma nova mínima de 37 anos, diante da preocupação com as intenções de Putin, o que poderia provocar mais um aumento de juros pelo Banco da Inglaterra na quinta-feira.
Já o dólar australiano, mais sensível ao risco, desvalorizava-se 0,28%, a 0,6658 contra o dólar americano, enquanto o iuane chinês caía 0,42%, a 7,0509 contra o dólar dos EUA, permanecendo acima do importante patamar psicológico de 7.