Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subiu quase 1 por cento e fechou a 2,71 reais nesta segunda-feira, maior patamar em mais de um mês, dando continuidade ao avanço de quase 3 por cento visto na sessão passada com investidores testando novas máximas.
A moeda norte-americana subiu 0,96 por cento, a 2,7152 reais na venda, maior patamar desde 16 de dezembro passado (2,7355 reais), quando explodiu a crise do rublo russo. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,3 bilhão de dólares.
Na máxima da sessão, a moeda norte-americana foi negociada a 2,7187 reais. Na sexta-feira, a divisa havia encerrado com o maior avanço desde setembro de 2011.
"Ninguém sabia se o dólar ia continuar em alta depois de um avanço tão forte (na sexta-feira)", explicou o diretor de câmbio da corretora Pioneer, João Medeiros. "Ao ver que o mercado continuou estressado hoje, todo mundo que estava vendido desmontou essas posições".
Desde o início do ano, o dólar vinha recuando firmemente em relação ao real, reagindo ao maior rigor fiscal no Brasil e à perspectiva de liquidez abundante no mundo. Segundo operadores, isso levou alguns investidores a apostarem em mais quedas.
Mas, na sexta-feira, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sugeriu que não há intenção do governo de manter o real valorizado artificialmente. O mercado entendeu a fala como um sinal de que a atuação do BC no câmbio poderia diminuir no curto prazo, reduzindo a oferta de dólares no mercado.
Na avaliação do economista da 4Cast Pedro Tuesta, se o BC de fato reduzir sua presença no mercado, a tendência é que o dólar suba ainda mais. "Se o BC fizer rolagens de 80 por cento (de cada lote de swaps) ou menos, poderíamos facilmente imaginar o dólar a 2,80 ou 2,85 reais", afirmou.
Mais tarde, no mesmo dia, a assessoria de imprensa do ministro procurou a imprensa para afirmar que a declaração se referia ao câmbio no mundo, mas isso não foi suficiente para mitigar de forma significativa a alta do dólar. A moeda norte-americana chegou a corrigir parte do avanço nesta manhã, mas logo voltou a subir.
Isso levou investidores a desmontar posições vendidas, intensificando o movimento, mesmo após o BC sinalizar, depois do fechamento dos negócios na sexta-feira, a rolagem integral dos swaps cambiais que vencem em março.
A autoridade monetária anunciou para esta manhã a oferta de até 13 mil swaps para o início da rolagem dos swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, que vencem em 2 de março. E vendeu a oferta total, rolando cerca de 6 por cento do lote total.
Se mantiver esse ritmo, vender sempre a oferta integral e não fizer leilão de rolagem no último pregão do mês, como vem acontecendo nos últimos meses, o BC rolará quase 100 por cento do lote total, que corresponde a 10,438 bilhões de dólares.
"É um alívio marginal. Com o mercado estressado da semana passada, é bom saber que o BC vai continuar fornecendo bastante liquidez agora no começo do mês", disse o superintendente de derivativos de uma gestora de recursos nacional.
Pela manhã, o BC também deu continuidade às intervenções diárias, vendendo a oferta total de até 2 mil swaps com volume equivalente a 98,1 milhões de dólares. Foram vendidos 500 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.500 para 1º de fevereiro de 2016.