Por Luana Maria Benedito
(Reuters) - O dólar tinha pouca alteração frente ao real nesta segunda-feira, continuando a rondar os patamares mais baixos em cerca de um ano, com investidores à espera de dados de inflação dos Estados Unidos e da decisão de política monetária do Federal Reserve, agendados para esta semana.
Às 10:27 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,08%, a 4,8721 reais na venda.
O dólar à vista fechou a sexta-feira cotado a 4,8761 reais na venda, com baixa de 0,98%, na menor cotação de fechamento desde 7 de junho de 2022, quando encerrou a 4,8741.
Na B3 (BVMF:B3SA3), às 10:27 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,3%, a 4,8900 reais.
Operadores trabalhavam em modo de espera antes da reunião de política monetária do Federal Reserve, que começa na terça-feira e se encerra na quarta. No exterior, em meio ao clima de expectativa, o índice do dólar contra uma cesta de pares fortes alternava estabilidade e leve queda.
"Há um viés mais positivo para os preços dos ativos nesta manhã de segunda-feira, e a aposta majoritária de que o Fed irá fazer uma 'pausa' no seu ciclo de aumento de juros nesta semana é o principal motivo", disse a Guide Investimentos em relatório, embora tenha ponderado que, para a reunião seguinte, as expectativas mostram uma visão majoritária que o Fed irá subir mais uma vez os juros em 0,25 ponto percentual.
"Dessa forma, parece bem encaminhada a decisão do Fomc desta semana, mas o que o mercado quer olhar de perto é o comunicado e o discurso de Powell, em que poderá ter alguma sinalização de quais serão os passos futuros do BC americano", completou a Guide.
Antes da conclusão do encontro do Fed, serão publicados na terça-feira dados de inflação ao consumidor dos EUA, que podem calibrar as apostas sobre a decisão de política monetária de quarta. Uma leitura acima do esperado pode minar a perspectiva de manutenção dos juros, enquanto números mais brandos provavelmente consolidarão a visão atual dos mercados.
O dólar tende a ser pressionado globalmente em cenário de estabilidade ou eventual redução dos juros nos EUA, uma vez que uma política monetária menos restritiva tornaria a rentabilidade da maior economia do mundo menos atraente para investidores estrangeiros, que passariam a direcionar seu dinheiro para países de retornos mais altos.
No Brasil, a taxa Selic está atualmente em 13,75%, nível elevado que tem sido apontado como um dos pilares de sustentação do real.
Os ativos locais também têm sido beneficiados por um cenário macroeconômico mais construtivo, com sinais de crescimento acima do esperado e arrefecimento da inflação. Especialistas reduziram nesta segunda-feira suas expectativas para a alta dos preços de 2023 a 2026 na pesquisa Focus.
Além disso, Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), escreveu no fim de semana que a moeda local tem se fortalecido porque "enormes exportações agrícolas que estão transformando o Brasil em um país superavitário em conta corrente", de forma que "o real brasileiro continuará se fortalecendo".