Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar trabalhava com leves oscilações ante o real nesta sexta-feira, de olho no comportamento da moeda ante divisas emergentes no exterior e no cenário político, à espera de novidades que possam dar pistas sobre o andamento das reformas no Congresso Nacional.
Às 11:59, o dólar recuava 0,11 por cento, a 3,3319 reais na venda, depois de terminar a véspera praticamente estável, a 3,3355 reais.
Na mínima, marcou 3,3320 reais e, na máxima, 3,3441 reais. O dólar futuro tinha baixa de cerca de 0,30 por cento.
"É forte a cautela com o político e com ajuste fiscal...que segue sendo a principal preocupação", avaliou o operador da corretora H.Commcor, Cleber Alessie Machado.
Com a agenda esvaziada, os investidores estão acompanhando mais de perto o mercado externo, onde os preços do petróleo exibiam leves altas e favoreciam o recuo do dólar ante divisas de emergentes no exterior, como ante o peso mexicano. O dólar também cedia ante uma cesta de moedas
O movimento, entretanto, era contido pelas preocupações sobre como andarão as reformas no Congresso Nacional.
"A banda de 3,25 reais a 3,30 reais foi movida para 3,30 reais a 3,35 reais após o episódio da CAS. Isso mostrou que carece capital político para aprovar o ajuste fiscal. O mercado achava que a reforma trabalhista já era página virada", destacou Alessie Machado.
Depois que o presidente Michel Temer foi atingido por delação de empresário da JBS (SA:JBSS3) no âmbito da Operação Lava Jato, a moeda, que vinha operando até o teto de 3,20 reais, passou a oscilar cinco centavos acima, entre 3,20 reais e 3,30 reais.
Na terça-feira passada, entretanto, com a derrota do governo na votação da reforma trabalhista na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, a moeda foi a 3,33 reais e tem operado nesses níveis desde então. Na véspera, ao atingir o nível de 3,35 reais, teto do novo intervalo, a moeda atraiu vendedores, que derrubaram os preços.
Ao longo da sessão, há a possibilidade de os investidores adotarem posição mais defensiva, diante do final de semana à frente e uma possibilidade, sempre presente, de novas denúncias atingirem o governo.
"A cautela com o político pode dar força para o dólar", resumiu o responsável pelo departamento de análise de câmbio da corretora Walpires, Fúlvio Andrade.
O Banco Central brasileiro vendeu integralmente a oferta de até 8,2 mil swaps cambiais tradicionais --equivalente à venda futura de dólares-- para rolagem dos contratos que vencem julho. Com isso, já rolou 5,330 bilhões de dólares do total de 6,939 bilhões de dólares que vence no mês que vem.