Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) -O dólar fechou em leve alta nesta sexta-feira, mas ainda registrou a maior queda semanal desde novembro de 2020, ao fim de uma semana marcada pela melhora do sentimento de investidores por algum alívio nos temores de agressivo aperto monetário nos Estados Unidos e por intenções de estímulos na China.
O dólar à vista subiu 0,21%, a 5,1727 reais na venda, depois de variar entre 5,1455 reais (-0,32%) e 5,2140 reais (+1,01%).
Na semana, a moeda recuou 5,91% --maior queda desde a semana finda em 6 de novembro de 2020 (-6,07%). O dólar encerrou julho com baixa acumulada de 1,12%, depois de na parcial até sexta passada contabilizar alta de 5,09%. Em 2022, perde 7,19%.
Entre os pares emergentes mais próximos o real foi o maior destaque positivo da semana, conforme investidores desmontaram posições de venda da divisa brasileira à medida que os receios de superaumentos dos juros nos EUA diminuíram após a sinalização do Fed na quarta-feira.
O real havia sido justamente uma das moedas mais golpeadas quando operadores de mercado turbinaram apostas em altas de 1 ponto percentual nos custos dos empréstimos nos EUA.
Taxas de juros mais altas nos EUA aumentam a atratividade da renda fixa norte-americana, estimulando conversão de moedas estrangeiras para o dólar, o que o valoriza.
Apesar da melhora de sinal nesta última semana do mês, a taxa de câmbio ainda carrega prêmio de risco adicionado em junho, quando o dólar disparou 10% tanto pela escalada de preocupações externas quanto pela deterioração da percepção fiscal no Brasil.
No fim de maio, o dólar estava na casa de 4,75 reais.
O mês de julho não tem padrão de desempenho do dólar --nas últimas duas décadas a moeda alternou altas e quedas para o mês--, e a cautela sobre as eleições brasileiras deve aumentar, enquanto nos EUA o Fed avaliará os rumos de sua política monetária.
"Esperamos que o dólar (no mundo) permaneça forte pelo restante deste ano", disse o Bank of America (NYSE:BAC) em relatório.
"O superaquecimento da economia dos EUA e o Fed 'hawkish' (duro com a inflação) têm muito a ver com o dólar forte. Para a moeda enfraquecer, o Fed tem de se preocupar mais com crescimento do que com inflação, e ainda não chegamos lá", completou.
O BofA calcula que o dólar fechará setembro em 5,30 reais --mês que antecede as eleições no Brasil--, terminando o ano em 5,25 reais.