Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar teve uma sessão volátil e fechou em queda nesta sexta-feira, abaixo de 3,90 reais depois de trocar diversas vezes de sinal, reagindo à preocupação dos investidores com a situação fiscal do Brasil e ao corte de juros na China.
O dólar recuou 0,43 por cento, a 3,8906 reais na venda, após atingir 3,8664 reais na mínima da sessão e 3,9319 reais na máxima. Na semana, a moeda norte-americana acumulou alta de 0,44 por cento.
"O mercado tem muita volatilidade hoje", disse o operador da corretora Spinelli José Carlos Amado. "A cautela com anúncio do déficit fiscal fez o mercado se defender".
O governo deve enviar previsão de déficit primário de 70 bilhões de reais em 2015 ao Congresso, afirmou uma fonte à Reuters na véspera. O anúncio do rombo, esperado para acontecer nesta sexta-feira, foi adiado para a próxima semana.
Investidores temem que a deterioração das contas públicas possam levar o Brasil a perder seu selo de bom pagador com outras agências além da Standard & Poor's, o que afastaria ainda mais capitais do país em um momento de intensa incerteza política.
"Cada dia é uma surpresa diferente sobre o fiscal. É difícil operar assim", resumiu o operador de uma corretora nacional.
Por outro lado, a decisão da China de afrouxar a política monetária para enfrentar a fraqueza na economia trouxe algum alívio. O Banco do Povo da China reduziu suas principais taxas de juros e cortou a de compulsório para todos os bancos, em um momento em que a fraqueza na segunda maior economia do mundo vem reduzindo a demanda por ativos de mercados emergentes.
Segundo o economista da 4Cast Pedro Tuesta, além de favorecer mercados emergentes por si só, os cortes são evidência de fraqueza na China e podem levar o Federal Reserve, banco central norte-americano, a manter os juros perto de zero por mais tempo. "O mercado vai acreditar que o Fed vai continuar 'dovish'".
Nesta manhã, o Banco Central deu continuidade à rolagem dos swaps cambiais que vencem em novembro, vendendo a oferta total de até 10.275 contratos, equivalentes a venda futura de dólares. Até agora, a autoridade monetária já rolou 8,193 bilhões de dólares, ou cerca de 80 por cento do lote total, que corresponde a 10,278 bilhões de dólares. 2015-10-23T204417Z_1006880001_LYNXNPEB9M145_RTROPTP_1_NEGOCIOS-DOLAR-FECHA-FINAL.JPG