Por William James
LONDRES (Reuters) - O líder da oposição trabalhista do Reino Unido, Jeremy Corbyn, prometeu nesta quinta-feira derrotar um "cartel acomodado" instalado no coração da política britânica, lançando-se como candidato antiestablishment na eleição antecipada convocada pela primeira-ministra Theresa May para junho.
A promessa, que seria cumprida graças a impostos mais altos sobre os ricos e uma repressão a corporações excessivamente poderosas, deu o tom de uma campanha na qual o veterano de esquerda irá tentar contrariar as pesquisas de opinião que o mostram a caminho de uma grande derrota.
Lutando internamente para impor seu controle sobre o dividido Partido Trabalhista e para convencer a nação como um todo, Corbyn procurou explorar a insatisfação dos eleitores com a elite política britânica.
"É o establishment versus o povo, e é nossa tarefa histórica fazer com que o povo prevaleça", disse Corbyn a apoiadores trabalhistas no centro de Londres.
"Não aceitamos que é natural para o Reino Unido ser governado por uma elite dominadora, pela City (o centro financeiro da capital) e pelos sonegadores de impostos".
May, do Partido Conservador, causou surpresa na terça-feira convocando uma eleição para 8 de junho, três anos antes do prazo, na tentativa de capitalizar uma queda dramática no apoio aos trabalhistas e obter um mandato mais robusto que a fortaleça nas conversas complexas sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit.
Enquanto May tenta focar o debate no Brexit, Corbyn procura atiçar o intenso clima anti-establishment revelado pelo referendo do ano passado sobre a filiação à UE e que ecoou na retórica de Bernie Sanders e Donald Trump na eleição presidencial norte-americana de 2016.
"Como eles ousam arruinar a economia com sua irresponsabilidade e sua ganância e depois punir aqueles que não tiveram nada a ver com isso?", indagou, referindo-se à crise financeira de 2007-9.
"O povo britânico sabe que é o verdadeiro criador de riqueza, contido por um sistema manipulado pelos extratores de riqueza".
Ele só mencionou de passagem o Brexit, visto por muitos como o maior desafio do Reino Unido desde a Segunda Guerra Mundial, dizendo querer se concentrar na vida pós-UE.
"(May) irá tentar minimizar as questões que afetam o cotidiano das pessoas e, ao invés disso, transformar a eleição em uma batalha de egos sobre sua própria liderança falha e as maquinações das negociações iminentes em Bruxelas", afirmou.
Atento à revolta pública crescente com os salários estagnados e os negócios que pagam impostos baixos, Corbyn disse que irá descartar os cortes planejados para os impostos corporativos e reverter os descontos para indivíduos ricos.
"Em vez de a riqueza do país ficar escondida em paraísos fiscais, iremos colocá-la nas mãos das pessoas".