Antonio Broto
Pequim, 21 jan (EFE).- Os planos de estímulo econômico elaborados
por Pequim evitaram que a crise econômica mundial afetasse em
excesso seu crescimento econômico, de 8,7% em 2009, segundo dados do
Escritório Nacional de Estatísticas, o que deixa a China perto de
superar o Japão como segunda economia mundial.
A economia do gigante asiático ficou dois dígitos acima da cifra
anual no último trimestre do ano passado (10,7%), número que
contrasta com os 6,1% do primeiro trimestre, e que foi o crescimento
trimestral mais baixo na China desde 1992.
A China "se recuperou e avança em uma direção propícia" após
superar "o tempo mais difícil para o desenvolvimento econômico
nacional no novo século", destacou hoje em entrevista coletiva o
diretor do órgão de estatísticas, Ma Jiantang, ao apresentar os
números.
O Produto Interno Bruto (PIB) em 2009 chegou a US$ 4,91 trilhões.
Até que o Japão divulgue seus números oficiais de 2009, em
fevereiro, não será possível estabelecer comparações exatas, mas
deve-se levar em conta que o Banco Mundial e o Fundo Monetário
Internacional (FMI) cifraram o PIB japonês de 2008 em US$ 4,91
trilhões e que em 2009 a economia japonesa sofreu uma recessão.
Ma não quis arriscar uma previsão sobre se a China já ultrapassou
o Japão ou não, destacando que o importante para o país "não é
aumentar o PIB e ir superando outros países", mas "mudar a estrutura
de seu crescimento", muito dependente das exportações.
Deve-se ressaltar, no entanto, que desde 2007 o PIB da China já
superou os da Itália, Reino Unido, França e Alemanha.
O diretor do escritório de estatísticas chinês divulgou também os
números oficiais do comércio exterior do país, o setor nacional mais
afetado pela crise financeira mundial, devido à redução da demanda
em outros mercados.
Este setor totalizou US$ 2,20 trilhões, uma queda de 13,9%, e o
superávit comercial foi de US$ 196,1 bilhões, 33,63% a menos que no
ano anterior.
As exportações registraram US$ 1,2 trilhão, o que significa uma
queda de 16%, enquanto as importações somaram pouco mais de US$ 1
trilhão, redução de 11,2%.
Os outros motores da economia chinesa, o investimento e o
consumo, cresceram e registraram dois dígitos, impulsionados por
políticas de fomento dos empréstimos bancários e incentivos aos
consumidores, no marco das medidas de estímulo estatal de US$ 0,5
trilhão.
O investimento em ativos fixos foi de US$ 3,29 trilhões, um
aumento de 30,1% frente a 2008.
As vendas de varejo, por sua vez, principal indicador de consumo,
foram de US$ 1,83 trilhão, 15,5% mais em relação ao ano anterior.
O Escritório Nacional de Estatísticas também divulgou hoje o
índice de preços ao consumidor de 2009, que aumentou 0,7% no cálculo
anual, apesar de ter registrado deflações até o mês de junho.
Com uma considerável alta dos preços em dezembro, de 1,9%, os
valores apresentaram diferente comportamento segundo setores.
Houve altas anuais nos setores de alimentos, despesas médicas e
eletrodomésticos, enquanto caíram os preços de imóveis, transporte
comunicações e vestuário.
Após divulgar os números, Ma atribuiu os sucessos à confiança de
empresas e trabalhadores chineses, "pois sem essa confiança, os
bancos não dão empréstimos, as empresas não investem e os
consumidores não gastam".
Além disso, ressaltou que apesar de os números econômicos da
China serem destacados dentro e fora do país, este ainda é um país
em desenvolvimento "com muita pobreza e poucos recursos", no qual
150 milhões de pessoas vivem com menos de US$ 1 por dia.
Para 2010, Ma não quis fazer previsões de crescimento nacional
(organismos estatais estimaram anteriormente entre 9% e 9,5%), mas
alertou sobre os possíveis riscos derivados da recuperação
econômica: excesso de capacidade em alguns setores e inflação.
A China já anunciou que limitará o crédito bancário de 2010 a US$
1,1 trilhão e os economistas já consideram uma possível alta da
taxas de juros, ainda não confirmada por Pequim. EFE