Por Adam Rose e Megha Rajagopalan
TIANJIN (Reuters) - A China defendeu, nesta sexta-feira, a ação de bombeiros que inicialmente jogaram água sobre as chamas de um armazém contendo químicos voláteis, após especialistas estrangeiros dizerem que isso pode ter contribuído para a ocorrência das duas enormes explosões que mataram 54 pessoas.
Mais de uma dezena de bombeiros morreram nas explosões no porte da cidade de Tianjin, no nordeste da China, na quarta-feira à noite, segundo a mídia estatal. Cerca de 700 pessoas ficaram feridas, 71 das quais em estado grave, em mais um acidente num país já acostumado a desastres industriais.
Colunas de fumaça ainda emanavam nesta sexta-feira de incêndios ainda ativos no local, em meio a contêineres retorcidos, milhares de carros incinerados e edifícios portuários em ruínas.
Equipes de resgate retiraram um sobrevivente dos escombros, disse uma autoridade municipal a jornalistas. A pessoa foi depois identificada como sendo um bombeiro.
O armazém, projetado para abrigar substâncias químicas tóxicas e perigosas, continha sobretudo nitrato de amônia, nitrato de potássio e carbeto de cálcio no momento do incidente, de acordo com a polícia. A agência de notícias estatal Xinhua dissera que vários contêineres no armazém pegaram fogo antes da explosão.
O Conselho Estatal, órgão máximo do poder executivo chinês, afirmou que terá início uma inspeção nacional a químicos perigosos e explosivos em decorrência do desastre, assim como será intensificado o combate a atividades ilegais, de modo a fortalecer a segurança na indústria.
"As desastrosas explosões no... armazém de materiais perigosos, no porto de Tianjin, causaram grande número de vidas perdidas, pessoas feridas, danos econômicos e enorme impacto social", disse a comissão de segurança no trabalho do Conselho Estatal em seu site.
Especialistas de segurança de químicos disseram que o carbeto de cálcio reage com água para criar o acetileno, gás altamente explosivo. Uma explosão pode ter sido causada quando bombeiros lançaram água contra o carbeto de cálcio, afirmaram.
Lei Jinde, vice-diretor de propaganda do departamento de bombeiros da China, ligado ao Ministério de Segurança Pública, disse ao portal ThePaper.cn, apoiado pelo governo, que o primeiro grupo de bombeiros a chegar ao local havia utilizado água para combater as chamas.
"Sabíamos que havia carbeto de potássio no interior, mas não sabíamos se já havia explodido", disse ele.
"Àquela altuta, ninguém sabia, não é como se os bombeiros fossem estúpidos", disse Lei, acrescentando ter se tratado de um armazém de grandes proporções e que não se sabia a localização exata do carbeto de potássio.