Adriana Flores Bórquez.
Atenas, 21 dez (EFE).- A atual crise do euro teve seu início na Grécia, quando o país reconheceu no início desse ano que seu déficit era muito superior ao estimado, o que levou à beira de uma quebra que só foi evitada graças a um crédito de 110 bilhões de euros da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Desde então, os mercados internacionais seguem com grande avidez a evolução da Grécia, que impôs severas medidas, respondidas pelos sindicatos com oito greves gerais.
Anos de desperdício no gasto público, fraude fiscal e pouca produtividade foram os motivos que levaram o país à beira da quebra, disse o próprio primeiro-ministro grego, Yorgos Papandreu.
Após cinco meses no Governo, o líder socialista teve que reconhecer em fevereiro que o déficit era o dobro do oficialmente anunciado.
Mas as coisas na realidade eram muitos piores: o déficit de 6% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2009 acabou em 15,4%, confirmado pela Comissão Europeia em novembro deste ano.
A dívida pública total acumulada alcança já mais de 300 bilhões de euros, o que equivale a 126% do PIB, com tendência de alta devido ao contínuo endividamento e a contração econômica que o país sofre este ano.
Em abril, quando a pressão dos mercados era insustentável, Papandreu elegeu a ilha grega de Kastelorizo como cenário para anunciar à nação que a Grécia "não está mais em condições de pedir créditos no estrangeiro".
O primeiro-ministro pediu a seus colegas europeus para que contribuíssem e evitassem uma propagação para toda a União e inclusive ao resto do mundo.
A crise grega teve também vítimas mortais. Durante os protestos que seguiram às medidas de economia anunciadas por Papandreu, manifestantes incendiaram uma filial bancária, ataque que custou a vida de três empregados.
Poucos dias depois, os Governos e as instituições da Europa concederam à Grécia um empréstimo trianual de 110 bilhões de euros para salvar a quebra.
Bruxelas acusou Atenas de ter agravado a crise falseando estatísticas, e Papandreu reconheceu que a economia se encontrava à beira do abismo "devido aos Governos anteriores".
O plano do primeiro-ministro é deixar o déficit abaixo dos 3% até 2013, o que equivale a economizar 30 bilhões de euros entre 2009 e 2014.
As medidas incluem fortes reduções na previdência e nos salários de funcionários, aumentos de impostos, aumento da idade média de aposentadoria para os 65 anos e reformas estruturais.
As medidas levaram os sindicatos a convocar oito greves gerais este ano e centenas de protestos que afetaram o transporte, o turismo e a atividade comercial.
O partido Pasok conquistou uma vitória nas eleições regionais de novembro, marcadas pela ameaça de Papandreu de convocar eleições gerais adiantadas se perdesse, o que causou uma abstenção recorde de 45%.
Para o ano de 2011, o primeiro-ministro prevê reformas estruturais para continuar recebendo os lances do empréstimo internacional e espera que a Grécia possa voltar aos mercados financeiros em 2012.
Após recorrer à Irlanda uma ajuda de 85 bilhões de euros para onze anos, a Grécia pediu que devolvesse seu crédito até 2024, nove anos mais tarde que a data estipulada inicialmente.
Em todo caso, Papandreu disse no final de novembro que o país sairá dessa crise. EFE