Washington, 14 fev (EFE).- Táticas empregadas pela bolsa de Nova
York, similares às que fomentaram a crise das "subprime" (hipotecas
de alto risco) nos EUA, contribuíram para agravar a crise da Grécia
e prejudicaram o euro, permitindo a Governos europeus ocultar sua
dívida, assegurou o jornal "The New York Times".
O diário, que baseou sua análise em entrevistas, relatórios e
documentos aos quais teve acesso, afirmou que Atenas teve, durante
uma década, a ajuda de Wall Street em práticas que lhe permitiram
extrapolar os limites de dívida estabelecidos pela União Europeia.
Uma transação promovida pelo Goldman Sachs, um dos maiores bancos
de investimento do mundo, permitiu que os gregos ocultassem bilhões
de euros em dívida das autoridades supervisoras de Bruxelas, indica
o diário.
Quando a crise fiscal da Grécia estava em seu ponto máximo, e em
ponto de não retorno, bancos de Wall Street estavam buscando
mecanismos para ajudar o país a evitar perguntas incômodas por parte
de Bruxelas e dos países da zona do euro.
No início de novembro, três meses antes de Atenas se converter no
epicentro da preocupação global pela má situação de suas contas
públicas, uma equipe da Goldman Sachs chegou à capital grega com uma
proposta "muito moderna" para Governos em dificuldades para
enfrentar suas despesas, segundo duas pessoas que foram informadas
do encontro, revela o jornal.
Os banqueiros, liderados pelo presidente da Goldman, Gary Cohn,
ofereceram à Grécia um produto financeiro que permitiria ao país
redistribuir parte da dívida de seu sistema sanitário para que
tivesse que fazer o pagamento depois de muito tempo.
A tática oferecida pela Goldman já tinha funcionado em 2001,
pouco depois que Grécia foi aceita na zona euro. Na ocasião, o banco
desenhou uma estratégia para que Atenas conseguisse pegar
emprestados bilhões de euros sem superar os limites fixados por
Bruxelas, assinala o jornal nova-iorquino.
A transação, que não foi divulgada porque foi qualificada como
uma intermediação de divisas e não como um empréstimo, permitiu à
Grécia cumprir as normas de Bruxelas enquanto seguia gastando mais
do que podia, segundo o "New York Times".
Atenas não aceitou a última proposta de Goldman, mas por causa da
grave crise de credibilidade da Grécia devido à má situação de suas
contas públicas, o papel de Wall Street no "mais recente drama
financeiro mundial" traz sérias perguntas, na opinião do diário.
Da mesma forma que na crise das "subprime" nos EUA e no colapso e
posterior resgate da seguradora American International Group (AIG),
produtos financeiros de derivados tiveram papel fundamental na fase
prévia à crise de dívida da Grécia, lembra o jornal.
Instrumentos desenvolvidos por Goldman, JPMorgan Chase e outros
bancos permitiram a Governos europeus ocultar os empréstimos
adicionais que faziam, como ocorreu na Grécia e Itália e
provavelmente em outros países, segundo o "New York Times". EFE