Quito, 23 ago (EFE).- O Governo equatoriano inicia nesta semana
as conversas com as empresas petrolíferas privadas para mudar o
modelo de contrato e exigir uma contribuição maior aos cofres
públicos.
As negociações deviam ter começado hoje em um hotel do
centro-norte de Quito, segundo disse à agência Efe uma fonte do
Ministério de Recursos Naturais Não-renováveis, mas acabaram sendo
adiadas.
O titular desse Ministério, Wilson Pástor, confirmou hoje à
"Rádio Sonorama" que as reuniões sobre o novo contrato acontecerão
esta semana.
O Governo recebeu na sexta-feira os comentários das companhias
sobre a minuta do novo contrato, embora já tenha advertido que não
mudará as cláusulas principais.
Paralelamente, o Governo negociará com cada empresa de forma
individual a nova tarifa que receberão pelo petróleo que bombeiam.
Pástor indicou que as negociações a esse respeito devem começar
na quarta-feira, quando se sentarão à mesa representantes do Governo
com a hispano-argentina Repsol-YPF.
Ao mesmo tempo serão abertas conversas com a Sipec, a filial
equatoriana da chilena Empresa Nacional de Petróleo (Enap).
De acordo com o novo modelo de contrato, as empresas passarão a
ser prestadoras de serviços e a receber uma tarifa fixa por isso,
enquanto o dono legal do petróleo e do gás natural produzido será o
Estado.
Segundo os contratos atuais de participação, as companhias
possuem os hidrocarbonetos que saem do subsolo.
Atualmente, o Equador recebe 65% dos lucros pela venda do
petróleo extraído em seu território pelas empresas privadas. Com o
novo acordo, o país pretende elevar essa percentagem para entre 85%
e 90%.
O Governo apresentou às petrolíferas um contrato com texto
genérico, cujos detalhes serão negociados esta semana com todas as
companhias. Pástor disse que espera alcançar um acordo nas próximas
semanas.
Para os ministros as conversas sobre as tarifas devem ser mais
complicadas. Os valores serão fixados de acordo com o nível do
investimento, os custos de produção e o riscos assumidos pelas
empresas petrolíferas.
O Governo pretende que as companhias aceitem uma rentabilidade de
entre 18% e 22% para os campos novos, e de entre 15% e 18% para os
campos atualmente em produção, explicou.
No documento da proposta equatoriana, as disputas relativas ao
contrato deixam de ser resolvidas no Centro Internacional de Regra
de Diferenças Relativas a Investimentos (Ciadi, na siga em inglês),
uma entidade do Banco Mundial, com sede em Washington.
Em seu lugar, serão tratadas na Comissão das Nações Unidas para o
Direito Mercantil Internacional (Uncitral), com sede em Haia, embora
o Equador assinale que as possíveis divergências se ventilariam na
sede subsidiária dessa entidade em Santiago do Chile.
Outra cláusula inovadora obriga às empresas a fornecerem dinheiro
a um fundo para responder aos possíveis danos ambientais derivados
de suas atividades petrolíferas.
A data limite para a renegociação dos contratos de participação
das empresas grandes é 23 de novembro, enquanto que no próximo dia
23 de janeiro termina o prazo para a renegociação dos contratos
pequenos e de campos marginais.
Após a Repsol-YPF e a Sipec, o Governo negociará as tarifas com a
Andes Petroleum, a Petrooriental a e Canadá Grande.
Na sequência falará com a Agip e a Petrobras, seguirá com um
quarto grupo de campos marginais e deve terminar com os contratos do
consórcio petroleiro amazônico e energético Grande Colômbia, entre
outros.
O petróleo é o principal produto de exportação do Equador, e
financia cerca de 25% do orçamento público do país. EFE