Alfonso Gil.
Johanesburgo, 20 jun (EFE).- Depois de Camarões se tornar a
primeira seleção eliminada da Copa da África do Sul, o atacante da
seleção Samuel Eto'o tem se mostrado um 'leão domado e abatido', com
um humor diferente daquela alegria que exaltava há menos de um mês,
quando conquistou a Liga dos Campeões.
Na noite de um sábado de primavera, no dia 22 de maio, Eto'o,
jogando pela Inter de Milão, levantou a taça da Liga dos Campeões no
estádio Santiago Bernabéu, em Madri, depois de disputar a final
contra o Bayern de Munique, vencida por 2 a 0.
No mês seguinte, em outra noite de sábado, desta vez no inverno
de Pretória, na África do Sul, o jogador comprovou, ao ter sua
equipe eliminada da Copa do Mundo, que a linha que separa o sucesso
do fracasso é tênue no futebol.
Sua seleção perdeu de 2 a 1 para a Dinamarca no segundo jogo do
grupo E da Copa do Mundo, neste sábado, assim como o fez por 1 a 0
diante do Japão, no jogo de estreia. Com tais resultados, mesmo
vencendo a Holanda na próxima quinta-feira, sua seleção não
conseguiria mais se classificar para as oitavas de final.
Ao término da partida, Eto'o disse que a eliminação de sua
seleção foi uma escolha divina. "Deus quis assim", afirmou o
atacante, antes de lamentar que a oportunidade de conseguir um bom
resultado na primeira Copa disputada na África tinha enchido os
jogadores de esperança, mas que sua equipe não pôde realizar este
sonho.
A única coisa que se pode afirmar de Eto'o neste torneio é que
ele marcou o primeiro gol - não se sabe se o último - da seleção de
Camarões nesta Copa.
De qualquer maneira, ele é um jogador acostumado a marcar, que
faz gols de qualidade e importantes, como o convertido na Dinamarca.
Só na seleção camaronesa, Eto'o marcou mais de 40 gols, e na Copa de
2002 já tinha marcado o da vitória contra a Arábia Saudita por 1 a
0.
Inclusive foi o gol de sua autoria, diante da Dinamarca, que
abriu a porta da esperança para sua equipe. No entanto, os
dinamarqueses empataram antes do intervalo, deram a volta por cima
no segundo tempo e enviaram a seleção de Camarões para casa sem
nenhum tipo de prêmio.
O momento é doloroso para Eto'o, que vive com esta eliminação o
único tropeço sério de sua carreira profissional nos últimos anos,
mesmo jogando em clubes e pela camisa de seu país antes.
Tanto em Barcelona, onde acumulou troféus nacionais e
internacionais, como na campanha recém concluída na Inter, o futebol
sempre lhe rendeu louros.
Quando saiu do Barcelona em 2009, por exemplo, apesar de ter
ganhado a Liga, a Copa do Rei e a Liga dos Campeões sob o comando de
Pep Guardiola, Eto'o foi para Milão. Lá, na Inter, repetiu a
tríplice coroa. É o primeiro jogador que alcança esta honra em dois
clubes diferentes.
Não podia pedir mais, sobretudo depois de ter a oportunidade de
vencer a revanche contra o Barcelona, equipe que a Inter eliminou
nas semifinais da Liga dos Campeões.
Com uma larga experiência no currículo, o atacante Eto'o começou
quando tinha apenas 16 anos no Real Madrid, em 1996, em uma passagem
relâmpago. Depois, conquistou títulos com Mallorca e Barcelona
(jogou cinco anos em cada clube) antes de finalmente atracar na
Inter de Milão.
Seus três títulos de jogador do ano na África (2003, 2004 e 2005)
aprovam a carreira deste atleta, que tem nacionalidade espanhola e
que se despedirá da Copa no próximo dia 24 contra a Holanda, na
Cidade do Cabo. EFE