Juan Palop.
Pariaman (Indonésia), 4 out (EFE).- A localidade indonésia de
Pariaman, a mais próxima ao epicentro do brutal terremoto de
Sumatra, é hoje, cinco dias depois do terremoto que sacudiu o oeste
da ilha de Sumatra, um local ermo com cadáveres se decompondo e
quase sem ajuda para os poucos sobreviventes.
A viagem ao coração da tragédia é um caminho tortuoso através dos
21 distritos que compõem Pariaman, que ficaram destruídos em 85%, e
onde o balanço mais exato de mortos - recopilado pela rede local de
ONGs -, apenas precisa que os falecidos são "várias centenas".
"A situação aqui é horrível. Pelos dados que temos, achamos que o
número total de mortos em Pariaman será de centenas", disse à
Agência Efe Ajun Khandam, da coalizão de grupos Lambang Darma.
Nas aldeias de Pulau Aiya, Lubuk Lawe e Jumena, soterradas sob
toneladas de lama e pedras de deslizamentos causados pelo terremoto,
o Governo da Indonésia estima que morreram cerca de 640 pessoas.
Segundo a Lambang Darma, 3,195 mil casas desta zona foram
destruídas total ou parcialmente, e os lugares onde foram
construídas ficarão como áreas inabitáveis.
As Nações Unidas calculam que o total de vítimas fatais do
terremoto de 7,6 graus na escala Richter que atingiu a ilha de
Sumatra na quarta-feira é de mais de mil, mas indicam que este
número poderia subir consideravelmente.
Isso porque até 4 mil pessoas ainda estão soterradas entre os
escombros da província de Sumatra Ocidental, segundo o Ministério da
Saúde, e estão quase esgotadas as probabilidades de encontrar alguma
pessoa viva.
As ONGs em Pariaman reconhecem que ainda há localidades inteiras
sobre as quais não há nenhuma informação alguma, já que as linhas
telefônicas seguem cortadas e as estradas estão bloqueadas por
milhares de toneladas de terra das dezenas de deslizamentos causados
pelo terremoto nesta área montanhosa.
"Temos que ir de moto ou andando a todos os povoados e voltar
fisicamente com a informação para processá-la, o que leva muito
tempo. E há lugares aonde não conseguimos ainda chegar", disse Ajun
Khandam.
Os trabalhos de emergência, que se desenvolviam sob uma intensa
chuva hoje, não estão se concentrando na recuperação de cadáveres,
como em Padang, a capital da província mais afetada, mas na
assistência às milhares de pessoas que ficaram sem casa, alimentos e
outros meios de sobrevivência.
"Nos lugares aonde conseguimos chegar, nos contam que precisam
com maior urgência de abrigos, depois água e comida", disse Ajun
Khandam.
Até o momento, foram instalados nesta zona cerca de 500 barracões
com capacidade para 5 mil pessoas, mas os chefes das organizações
humanitárias afirmam que são insuficientes.
"Além disso, estão acabando as reservas de comida que tínhamos
para atender as vítimas e também não resta muita água", acrescentou
o porta-voz.
Os povoados de Pariaman, construídos geralmente ao longo das
estradas e vias, são uma sucessão de casas transformadas em massas
de tijolos, madeiras e colchões.
Dezenas de idosos permanecem imóveis em frente às ruínas do que
foram suas casas, alguns vigiam um sofá ou um ventilador que
salvaram, e centenas de crianças com caixas de papelão pedem esmola
aos passageiros dos poucos carros que passam por estas estradas.
A Indonésia fica sobre o Anel de Fogo do Pacífico, uma área de
grande atividade sísmica e vulcânica que sofre cerca de 7 mil
terremotos ao ano, na maioria moderados.
Em 26 de dezembro de 2004, um terremoto de 9,1 graus atingiu o
norte de Sumatra e provocou um tsunami que espalhou destruição em
cerca de dez nações banhadas pelo Oceano Índico, e deixou mais de
226 mil mortos. EFE