Bruxelas, 6 dez (EFE).- O Eurogrupo cobriu de elogios nesta segunda-feira o programa de austeridade e reformas adotado pelo Governo espanhol, que inclui "medidas em todas as frentes" para sanear as contas públicas e espantar a pressão dos mercados de dívida.
Os ministros de Finanças dos países da moeda única ficaram entusiasmados com as detalhadas explicações da ministra espanhola, Elena Salgado, sobre as medidas adicionais de ajuste anunciadas na semana passada, segundo o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker.
"Estamos muito impressionados pelo programa de consolidação orçamentária apresentado esta tarde pela Espanha", assegurou Juncker.
O comissário de Assuntos Econômicos e Monetários, Olli Rehn, considerou digno de "elogio" o plano de consolidação, que é "substancial e exaustivo", e inclui "ações em todas as frentes: tributária, estrutural e financeira".
O comissário mencionou expressamente as medidas adotadas pela Espanha para aumentar "a transparência do setor bancário", facilitar a "reestruturação do setor das caixas econômicas", assim como novos aumentos dos impostos e privatizações, e uma antecipação das reformas do mercado de trabalho e sistema de pensões.
O presidente do Governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, anunciou na semana passada novas medidas de consolidação fiscal, entre elas a supressão da ajuda para desempregados que esgotaram sua prestação, a privatização parcial de aeroportos nacionais (AENA) e loterias e apostas do Estado, assim como uma alta do imposto mínimo do tabaco.
De acordo com Rehn, a combinação destas decisões mostra a "determinação" da Espanha para consolidar as contas públicas, o que ajudará a cumprir o objetivo de redução do déficit para 6% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem.
Neste sentido, o Eurogrupo considerou que as medidas adotadas até agora serão suficientes para alcançar esta meta de redução de déficit e acalmar os mercados, segundo Juncker.
Além dos argumentos de Elena, que os titulares de Finanças da zona do euro escutaram "durante longo período", o Eurogrupo também avaliou as decisões adotadas por outro país assinalado pelos mercados de dívida: Portugal.
"Se queremos resolver os problemas da zona do euro, é preciso escutar aqueles que têm problemas e é o que fizemos nesta tarde", explicou Juncker.
Em relação a Portugal, o Eurogrupo deu as boas-vindas à aprovação do "ambicioso" orçamento para o ano que vem, mas pediu ao Governo que vá acompanhado da adoção de medidas de consolidação que permitam alcançar o objetivo de redução do déficit para 4,6% do PIB, no ano que vem, e aumentar seu potencial de crescimento econômico.
"A melhor defesa contra um contágio (da crise da dívida) é melhorar nossa situação orçamentária para cumprir os objetivos fiscais estipulados", enfatizou o comissário europeu de Assuntos Econômicos e Monetários.
Neste sentido, os ministros da zona do euro acordaram que, por enquanto, é desnecessário ampliar os 750 bilhões de euros do fundo de resgate aprovado em maio para evitar o contágio da crise grega, contradizendo a sugestão formulada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) neste sentido.
"As quantias necessárias para o programa de assistência irlandês são relativamente pequenas comparado a capacidade de empréstimo" do fundo, explicou seu principal responsável, o alemão Klaus Regling.
A ministra de Economia e Fazenda espanhola, Elena Salgado, reiterou antes da reunião que a ampliação do fundo não é necessária, já que os fundamentos econômicos da Espanha são sólidos e não precisam de ajuda. EFE