Europa descobre em 2010 a fragilidade de sua união monetária

Publicado 22.12.2010, 17:03

José Manuel Sanz.

Bruxelas, 22 dez (EFE).- A Europa descobriu em 2010, de forma traumática, a fragilidade de sua jovem união monetária, posta a toda prova pelos mercados em uma queda-de-braço que ainda segue em vigor.

A crise não começou no Velho Continente, mas foi lá onde seus efeitos têm os resultados mais desestabilizadores.

A queda em setembro de 2008 do banco americano Lehman Brothers suscitou o pânico no sistema financeiro internacional, que se traduziu em um endividamento descomunal dos países europeus e em uma crise imparável da dívida soberana.

Pela primeira vez em uma década de história do euro, a divisa correu perigo, admitem em particular as principais autoridades da União Europeia (UE).

Extremamente contagioso, o medo dos investidores de não serem reembolsados e a cobiça dos especuladores fizeram com que os elos mais frágeis da união monetária europeia fossem caindo, um após o outro, como as peças de um dominó.

Em maio, após semanas de um "morde e assopra" político devido à resistência da Alemanha a suportar uma fatura alheia, os membros da UE tiveram que improvisar um plano de ajuda para a Grécia no valor de 110 bilhões de euros, a fim de evitar a ruína das finanças públicas deste país.

Dois tabus foram pelos ares com essa intervenção: primeiro, a regra que proíbe um Estado dentro da zona do euro de financiar as dívidas de outro e, segundo, o princípio de que os países europeus sabem se defender sozinhos.

A Europa teve que recorrer à experiência e aos recursos do Fundo Monetário Internacional (FMI) para dar credibilidade e garantias de êxito aos duros planos de ajuste ligados aos resgates que precisou organizar.

Apenas seis meses depois da Grécia, outro Estado da zona, a Irlanda, se via forçado a solicitar ajuda internacional, após o colapso de seu hipertrofiado setor bancário, que tinha aberto um buraco irreparável no orçamento público.

Ver inspetores de Washington desembarcando em Bruxelas, Atenas e Dublin para ajudar a pôr em ordem as finanças europeias foi um golpe muito difícil de receber para muitos líderes do bloco.

A Irlanda receberá 85 bilhões de euros de seus parceiros - incluindo o Reino Unido, que não faz parte da zona do euro - e do FMI em troca de um ajuste que inclui impopulares altas de impostos, redução de subsídios sociais e emagrecimento da administração e de setor públicos.

A mesma receita está sendo aplicando pela Grécia e, com menor intensidade, outros membros da região como Portugal e Espanha que estão agora no radar dos especuladores.

Embora com atraso e forçados pelos eventos, é justo dizer que os governantes europeus aprenderam a lição.

Os 27 governos se puseram já de acordo sobre os princípios de uma ampla reforma das regras de sua união econômica e monetária, que sofrerá a maior transformação desde que foi criada em 1999.

Trata-se de impedir a tempo que apareçam déficit excessivos, cujas consequências terminariam atingindo a todos, e de fazer frente aos desequilíbrios macroeconômicos que ameaçam a sustentabilidade da zona.

Desde o início de 2011, os governos nacionais deverão enviar a Bruxelas seus projetos de orçamentos, para que sejam analisados em comum; os que não consiguirem manter o déficit abaixo do limite de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) serão multados de maneira quase automática; e os que não souberem prever o surgimento de instabilidade em suas economias enfrentarão a sanção de seus pares.

Se não bastassem o reforço da vigilância e as sanções, os 27 Estados-membros acertaram também a criação de um mecanismo permanente de estabilização financeira que permitirá conceder empréstimos aos países com problemas de liquidez ou em perigo de insolvência. EFE

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