Deauville (França), 26 mai (EFE).- Os países europeus manifestaram nesta quinta-feira seu apoio à candidatura da ministra das Finanças da França, Christine Lagarde, à direção do Fundo Monetário Internacional (FMI), durante a primeira reunião da cúpula do Grupo dos Oito (G8) em Deauville, balneário francês.
A candidatura de Lagarde marcou as discussões econômicas da reunião, ainda que a sucessão de Dominique Strauss-Kahn não fizesse parte da agenda do dia.
"Todo mundo considera Lagarde uma mulher de grande qualidade, de personalidade previsível e cujos riscos são controláveis", afirmou o presidente francês, Nicolas Sarkozy, em relação às conversas informais mantidas durante o primeiro dia do encontro de chefes de Estado e Governo do G8.
O comentário de Sarkozy se explica pela possibilidade de um suposto caso de abuso de poder manchar a trajetória da ministra das Finanças, circunstância que se acrescentaria ao fiasco de Strauss-Kahn, detido em prisão domiciliar em Nova York, acusado de tentativa de estupro.
O presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy, quis deixar claro nesta quinta-feira que não cabe ao G8 fazer lobby em favor de Lagarde, e que ela não é considerada idônea para o posto pelo fato de ser europeia, mas sim por sua "grande experiência" e "capacidade de liderança", que a tornam "totalmente capaz de dirigir o FMI".
Os grandes países emergentes, membros do grupo Brics - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -, classificaram de "obsoleta" a tradição de que o FMI deva ser dirigido por um europeu.
Contra esta ideia, Sarkozy argumentou que a atualidade monetária está mais do lado dos europeus que dos emergentes, deixando de citar os problemas de dívida da Europa em suas declarações públicas.
Para reforçar essa contradição, os líderes do G8 se felicitaram por constatar que o crescimento da economia mundial voltou a arrancar "com bastante força", algo que em grande parte se deve exatamente ao impulso dos países emergentes.
Anfitrião da Cúpula, Sarkozy declarou também que os participantes concordam na necessidade de reduzir as tensões e desequilíbrios, além de lutar contra o protecionismo e encontrar soluções, "seja qual for o ponto de chegada da Rodada de Doha", destinada à liberalização do comércio mundial.
Outros temas econômicos da reunião do G8 abordaram a internet, após a iniciativa da Presidência francesa de criar um fórum paralelo, denominado eG8, que deve ser repetido em outras cúpulas.
Os "gurus" da internet, entre eles Mark Zuckerberg, do Facebook, e Eric Schmidt, da Google, lembraram aos chefes de Estado e de Governo a importância da rede como criadora de empregos, apresentando dados de que seria possível criar 2,6 postos de trabalho para cada um que se perde, sobretudo nos países desenvolvidos.
Por este motivo, pediram acesso livre e aberto à internet no mundo todo, algo que consideram uma oportunidade para mudar a relação entre os Governos e os cidadãos.
Os líderes políticos encarregaram seus "colegas" de internet para a elaboração de um corpo de regras básicas com o objetivo de tornar compatível o desenvolvimento da rede com a defesa da propriedade intelectual, a segurança e os direitos fiscais. EFE