Dólar fecha abaixo dos R$6 pela 1ª vez no ano com moderação dos EUA em tarifas

Publicado 22.01.2025, 17:13
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Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a quarta-feira em queda firme ante o dólar, abaixo dos 6,00 pela primeira vez desde dezembro do ano passado, com o mercado eliminando prêmios de risco das cotações e acionando ordens de stop loss (parada de perdas), em meio à percepção de que o novo governo dos EUA será moderado na adoção de tarifas sobre produtos estrangeiros.

O dólar à vista fechou em queda de 1,41%, aos 5,9463 reais -- a menor cotação desde 27 de novembro de 2024, quando encerrou em 5,9141 reais. Desde 11 de dezembro a moeda não terminava o dia abaixo dos 6,00.

Em janeiro, o dólar acumula baixa de 3,77%.

Às 17h15 na B3 (BVMF:B3SA3) o dólar para fevereiro -- atualmente o mais líquido -- cedia 1,33%, aos 5,9565 reais.

O dólar engatou baixas ante o real já no início da sessão, com investidores se apegando às notícias de que o governo de Donald Trump não adotará novas tarifas de importação em um primeiro momento, ainda que o presidente dos EUA ameace a China com uma taxa de 10% em 1º de fevereiro e o México e o Canadá com uma tarifa de 25% até 1º de fevereiro.

A perspectiva de tarifas não tão altas favorece a leitura de que a inflação norte-americana pode não ser tão pressionada, o que permitiria ao Federal Reserve adotar taxas de juros menos elevadas no futuro. O resultado seria um dólar mais fraco ante moedas de emergentes e exportadores de commodities, como o real.

“Após os primeiros dias do novo mandato Trump nos Estados Unidos, o mercado passou a se sentir mais confortável em assumir que a retórica do presidente será mais firme do que suas atitudes”, disse Paula Zogbi, gerente de Research da Nomad, em comentário enviado a clientes.

“Com alguma demora em apresentar medidas concretas relacionadas a parte das promessas de campanha, os ativos de risco passaram a precificar um cenário mais benigno.”

No Brasil, isso se traduziu na baixa das taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) e na queda do dólar para abaixo dos 6,00 reais -- um ponto técnico e psicológico importante, que vinha sustentando as cotações.

Operador ouvido pela Reuters pontuou que o dólar para fevereiro -- o mais negociado e, no limite, o que conduz as cotações no segmento à vista -- viu ordens de stop serem disparadas ao atingir os 5,5990 reais e, depois disso, os 5,5945 reais.

Nestes pontos técnicos, investidores comprados (posicionados na alta das cotações) fecharam algumas posições, amplificando a queda da moeda no mercado futuro e, consequentemente, no segmento à vista.

Assim, após marcar a cotação máxima de 6,0213 reais (-0,17%) às 9h22, ainda no início da sessão, o dólar à vista atingiu a mínima de 5,9163 reais (-1,91%) às 13h53.

Profissionais ouvidos pela Reuters ponderaram, no entanto, que a manutenção do dólar abaixo dos 6,00 reais no curto prazo dependerá não apenas do noticiário externo, mas também da capacidade de o governo Lula convencer o mercado de que o ajuste fiscal é viável.

“Na agenda do governo estão medidas adicionais de contenção de gastos, mas há também a reforma do Imposto de Renda -- que é uma discussão meritória, mas da forma em que foi colocada criou aversão ao tema”, pontuou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Em entrevista a uma rádio pela manhã, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que o governo está fazendo o balanço das alterações nas medidas de contenção de gastos aprovadas pelo Congresso no fim do ano passado. Segundo ele, novos projetos serão apresentados se for necessário.

Também pela manhã o Banco Central vendeu, em sua operação diária, 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 5 de março de 2025.

© Reuters. Notas de dólar
15/04/2015
REUTERS/Murad Sezer

À tarde, o BC informou que o Brasil registrou fluxo cambial total negativo de 3,804 bilhões de dólares em janeiro até o dia 17, resultado de saídas líquidas de 2,127 bilhões de dólares pelo canal financeiro e saldo negativo de 1,677 bilhão de dólares pelo canal comercial.

Apenas na semana passada, de 13 a 17 de janeiro, houve entradas líquidas totais de 806 milhões de dólares -- uma inversão do que foi visto na semana anterior, quando saíram líquidos do país 1,104 bilhão de dólares.

Às 17h14, o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- caía 0,01%, a 108,130.

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