Roma, 8 set (EFE).- O diretor-geral adjunto do Departamento de
Desenvolvimento Econômico e Social da Organização das Nações Unidas
para a Agricultura e Alimentação (FAO), Hafez Ghanem, cobrou do
Grupo dos Vinte (G-20, que reúne os países ricos e os principais
emergentes), nesta quarta-feira, novas medidas para combater a
volatilidade do mercado alimentício.
"A FAO considera que a comunidade internacional, sob a liderança
do G-20, deveria começar a estudar fórmulas para fazer frente a uma
maior volatilidade", afirmou Ghanem em declaração ao site da
organização.
Para isso, segundo ele, "é preciso promover o debate sobre uma
melhor regulação dos mercados, garantindo maior transparência, e o
estabelecimento de um nível adequado nas reservas de emergência".
Ghanem aproveitou para lançar uma mensagem tranquilizadora diante
do temor de uma crise mundial de alimentos devido à decisão russa de
proibir as exportações de trigo até 2011 por causa da seca e dos
incêndios sofridos pelo país neste verão. Ainda assim, Ghanem
criticou a medida.
"Como regra geral, a proibição das exportações deve ser evitada,
já que provocam instabilidade nos mercados. Elevam os preços dos
alimentos nos países importadores pobres e prejudicam os produtores
nos países que impõem a restrição, já que impede-os de
beneficiarem-se da alta dos preços a nível internacional", advertiu.
Ghanem esclareceu, no entanto, que a situação atual do mercado
alimentar não é de crise, embora tenha previsto para o futuro novas
"turbulências" parecidas com as atuais.
Atribuiu essas futuras "turbulências" à maior volatilidade da
qual os mercados serão alvo a médio prazo devido à "crescente
importância como produtor de cereais da região do Mar Negro", onde
os rendimentos variam muito de uma temporada para outra, e a um
aumento dos fenômenos climáticos extremos.
Acrescentou ainda que "a importância cada vez maior dos atores
não comerciais" nos mercados de produtos básicos contribui para
criar esta volatilidade, embora a situação atual não se deva aos
especuladores, mas à seca.
O diretor-geral adjunto da FAO exortou os países a fortalecer a
segurança alimentar mundial e sair da "incerteza sobre a evolução da
oferta e da demanda".
"A chave para a segurança alimentar a longo prazo está em
investir no setor agrícola dos países em desenvolvimento, de modo
que possam produzir os alimentos suplementares necessários para uma
população mundial que se espera que supere 9 bilhões de pessoas em
2050". EFE