Washington, 23 set (EFE).- O Federal Reserve (Fed, banco central
americano) decidiu hoje manter a taxa básica de juros no país
praticamente em 0% e, em vista da melhora na situação econômica,
anunciou maior parcimônia na compra de títulos ligados a hipotecas.
O Comitê de Mercado Aberto do Fed, que dirige a política
monetária dos Estados Unidos, concluiu hoje dois dias de reuniões e
indicou que, desde o encontro de agosto, foram registrados dados de
que a atividade econômica evoluiu.
"As condições nos mercados financeiros melhoraram mais e a
atividade no setor de habitação aumentou", afirmou o presidente do
Fed, Ben Bernanke.
"A despesa das famílias parece se estabilizar, embora siga
limitada pela perda de empregos, o lento crescimento da renda e as
restrições de crédito", completou o banco central americano.
Embora os responsáveis pelo Fed digam ser "provável que a
atividade econômica siga sendo frágil durante um tempo", o comitê
antecipou que as medidas adotadas para estabilizar os mercados
financeiros, o estímulo fiscal e monetário e as forças de mercado
"sustentarão um fortalecimento do crescimento econômico".
Com isso, o comitê apontou também que "diminuirá gradualmente o
ritmo" de suas compras de títulos respaldados em hipotecas e bônus
de agências.
O programa, que previa a despesa de US$ 1,45 trilhão, deveria se
complementado em dezembro, e o comitê apontou agora que o concluirá
no final do primeiro trimestre de 2010.
Até agora, o Fed usou US$ 862 bilhões dos US$ 1,25 trilhão
destinados à compra de títulos ligados a hipotecas, e US$ 129,2
bilhões do programa de US$ 200 bilhões para a aquisição de bônus de
agências.
Como tinha sido anunciado, as compras de US$ 300 bilhões em bônus
do Tesouro terminarão no final de outubro próximo.
O comitê, por outro lado, manteve entre 0% e 0,25% os juros a
empréstimos interbancário de curto prazo, de referência nos EUA, e
antecipou que o custo do crédito "seguirá sendo excepcionalmente
baixo durante um período extenso".
O Fed recorreu a um juros virtualmente de 0% em dezembro de 2008,
um ano após iniciada a recessão mais prolongada desde a Grande
Depressão dos anos 1930 e a mais profunda em cinco décadas.
Bernanke, que na semana passada sugeriu que a recessão já havia
terminado, busca revitalizar a economia e reduzir o índice de
desemprego, que em agosto foi de 9,7%, evitando ao mesmo tempo que a
injeção de US$ 1 trilhão feita pelo Fed no último ano se torne
combustível para a inflação.
As aquisições de títulos hipotecários e bônus do Tesouro feitas
pelo BC americano e um programa do Governo Barack Obama que dá um
crédito de até US$ 8 mil para os que comprem sua primeira casa
ajudaram a estabilizar o setor imobiliário.
O índice composto de construção de casas do Standard and Poor's
subiu mais de 30% este ano.
Em julho, os preços das casas aumentaram 0,3% em relação ao mês
anterior, o terceiro consecutivo de alta, segundo o índice da
Agência Federal de Financiamento da Imóveis.
Também em julho as vendas de casas usadas foram 7,2% maiores que
no mês anterior e alcançaram o nível mais alto em quase dois anos,
de acordo com a Associação Nacional de Agentes de Bens Imobiliários.
Alguns analistas advertem que o Fed terá dificuldades para
retirar o estímulo monetário que deu à economia, mas a manutenção
por um período prolongado poderia acelerar a inflação. EFE