Washington, 30 jul (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI)
fez hoje uma séria advertência sobre a necessidade de os países da
zona do euro colocarem em prática políticas mais decisivas sobre o
setor financeiro, para que as economias europeias se recuperem.
A forte recomendação do organismo internacional foi feita na
revisão periódica da economia sobre a zona do euro, conhecida como
artigo IV, e cujo relatório foi divulgado hoje pelo diretor do
Departamento da Europa do FMI, o ex-primeiro-ministro polonês Marek
Belka.
No relatório, fruto das consultas com as autoridades europeias, o
organismo reiterou sua análise prévia sobre a recuperação na zona e
disse que espera que "o declive da atividade se modere no que resta
de 2009, para dar passagem para uma modesta recuperação em 2010".
Mas o FMI também reconheceu "significantes incertezas" sobre o
cenário.
Belka falou sobre o assunto durante uma entrevista coletiva
realizada após a apresentação do relatório e na qual declarou que
"apesar da melhora provisória", a Europa continua em recessão e o
futuro é "incerto".
O diretor do FMI também repetiu que "acredita que a recuperação
será lenta" e disse que a Europa "necessita de uma política mais
pró-ativa no setor bancário".
A reestruturação do setor financeiro europeu continua sendo a
principal preocupação do organismo internacional.
No relatório, os diretores do FMI assinalaram que a
reestruturação "deveria ser colocada em prática de acordo com a
agenda concebida e sobre uma base bem coordenada".
Em sua opinião, as autoridades supervisoras europeias "precisam
de suficiente alcance legal para estabelecer um só regulamento".
Durante a entrevista coletiva, Belka reiterou em várias ocasiões
a importância da saúde dos bancos para o futuro da zona do euro.
Segundo Belka, embora "muito tenha sido feito" nos últimos meses,
para reformar o sistema bancário europeu, ainda não é o suficiente.
"É preciso fazer mais e em muitos países se está fazendo", disse
Belka, que deixou claro que esta reforma tem que incluir "uma
revisão conjunta da posição financeira dos bancos, seguida de ações
para recapitalizar ou reestruturar os bancos mais fracos".
Em sua opinião, um dos principais objetivos da reestruturação do
setor financeiro é recuperar a confiança dos consumidores e, por
isso, defendeu a divulgação da "posição financeira dos bancos", como
aconteceu nos Estados Unidos.
"Não é revelar por revelar. O mais importante é acompanhar esta
ação com a recapitalização ou reestruturação dos bancos que
necessitarem".
O ex-primeiro-ministro polonês reconheceu que nas consultas que o
FMI manteve com as autoridades europeias existiu "um ligeiro
desacordo" sobre a possibilidade de que a Europa sofra uma deflação.
Belka assegurou que o FMI compartilha o prognóstico das
autoridades europeias de que o risco de deflação "na zona do euro é
mínimo", mas também afirmou que "não deveria ser descartado
totalmente".
"Não deveríamos excluir esta possibilidade, mas não esperamos uma
deflação na economia europeia", afirmou o diretor do Departamento da
Europa do organismo.
O FMI também assinalou que está de acordo de que "a política
fiscal terá que continuar apoiando a atividade econômica em 2010",
mas advertiu sobre a necessidade de iniciar "programas críveis de
consolidação em médio prazo", para responder às preocupações.
O organismo acredita que a crise é uma oportunidade para
"intensificar reformas estruturais" e concentrar-se na capacitação,
educação e adequação às demandas do mercado de trabalho na Europa.
EFE