Alfonso Fernández.
Washington, 15 abr (EFE).- A América Latina deverá recorrer a uma alta nas taxas de juros para prevenir "a aceleração do superaquecimento" que ameaça o crescimento sustentável, disse nesta sexta-feira o diretor regional do Fundo Monetário Internacional (FMI), Nicolás Eyzaguirre.
Perante as pressões inflacionárias, Eyzaguirre reconheceu que "está claro que a maioria dos países deverão aumentar as taxas de juros para prevenir uma aceleração do superaquecimento e da inflação".
Segundo o FMI, o fantasma do superaquecimento retorna à América Latina impulsionado, principalmente, pela alta de preços dos alimentos e pela chegada de fluxos de capital.
Apesar do crescimento da região ser "moderado em relação ao ritmo do ano passado, ainda permanece acima de uma tendência sustentável", disse Eyzaguirre em entrevista coletiva.
Em seu relatório "Perspectivas Econômicas Globais", o FMI prevê uma inflação de 6,7% para 2011 e de 6% em 2012.
Por isso, ressaltou que é preciso tomar medidas quanto a política fiscal, que deverá "desacelerar após um rápido crescimento do gasto público em muitos países no ano passado".
Além disso, Eyzaguirre assinalou que o crédito foi crescendo de maneira paralela, por isso que, embora as entidades bancárias "tenham mantido uma boa saúde, devem ser vigiadas" para evitar futuras bolhas, e analisou a questão dos fluxos de capitais que estão chegando à região em procura do atrativo diferencial de taxas de juros em relação às economias avançadas e que acrescentam pressão às economias da região.
Eyzaguirre encorajou a prática de medidas de precaução, que incluiu os controles de capital.
Por sua vez, o diretor do Banco Central (BC), Alexander Tombini, defendeu nesta sexta-feira em uma conferência no Instituto Brookings de Washington a decisão do Brasil de impor certos controles aos fluxos de investimento.
"Os grandes fluxos de capital têm o potencial de pôr em risco a estabilidade financeira da economia", manifestou Tombini.
Por isso, disse, é nossa "responsabilidade" enfrentar este problema tanto através de "um ajuste das políticas monetárias e fiscais" como com a utilização de "outras medidas de precaução como os controles de capital".
O Brasil aplica desde março o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre as captações das empresas no exterior como ferramenta para frear a apreciação do real frente ao dólar.
Outra das grandes preocupações expressadas por Eyzaguirre é o "desafio social" para a região que representa alta nos preços dos alimentos por isso que é "primordial" enfrentá-la.
No entanto, o diretor do FMI para a América Latina alertou sobre os perigos dos "subsídios generalizados", já que geram "sinais inapropriadas" à economia e são regressivos do "ponto de vista da receita".
Por último, reiterou a ideia das duas velocidades de crescimento na América Latina, enquanto o grupo dos exportadores de matérias-primas e países mais integrados nas finanças globais seja composto por Brasil, Peru, Chile e Argentina.
Por outro lado, as economias mais vinculadas aos Estados Unidos, como o México e o Caribe, viram seu crescimento econômico "melhorando gradualmente", devido a sua renda pelo turismo e remessas estreitamente ligados à fraca recuperação das economias avançadas. EFE