Washington, 1 mar (EFE).- O Brasil, maior consumidor de cocaína
do mundo depois dos Estados Unidos, passou a ser em 2009 um
importante canal para o transporte de drogas rumo a Europa e África,
revelou hoje o Departamento de Estado americano.
Em seu relatório anual sobre a luta contra o tráfico de drogas, o
departamento acrescenta que o tráfico através do Brasil aumentou
consideravelmente devido ao aumento do cultivo de coca na Bolívia,
seu principal abastecedor de pasta base de cocaína e crack.
Segundo o relatório do Governo americano, a pasta base e a
cocaína entram no Brasil tanto para consumo interno, como para
exportação.
Além disso, a cada ano passam pelo território brasileiro, por ar,
terra e rios, toneladas de drogas.
Pequenos aviões que decolam da Colômbia e do Peru entram no
espaço aéreo brasileiro com destino à Venezuela e ao Suriname.
Aeronaves que saem da Bolívia aterrissam em pistas clandestinas de
regiões isoladas ou desabitadas, principalmente no estado de Goiás.
O relatório lembra que, neste ano, dois aviões carregados com
cocaína boliviana foram obrigados a pousar pela Força Aérea
Brasileira (FAB) justamente em Goiás.
O documento também cita os confrontos entre organizações
criminosas como fator de aumento da violência relacionada às drogas.
Em 2009, a maioria dos homicídios no Brasil teve relação com o
narcotráfico.
O Departamento de Estado americano aponta que as quadrilhas
brasileiras usam os lucros da venda de drogas para comprar armas e
aumentar seu controle sobre as favelas de São Paulo, Rio de Janeiro
e outros centros urbanos.
O Brasil, que faz fronteira com três países produtores de cocaína
(Colômbia, Bolívia e Peru), iniciou uma campanha para combater o
tráfico de drogas mediante programas da Polícia Federal (PF) que
contaram com a assessoria dos EUA.
O Departamento de Estado americano se disse satisfeito com esses
esforços, mas dedicou um parágrafo especial do relatório ao problema
da corrupção vinculada ao narcotráfico, que "continua sendo
preocupante".
"O Governo dos EUA parabeniza o Brasil por seus esforços para
combater o tráfico internacional de drogas ilícitas e o crime do
comércio das drogas", manifestou.
O relatório sugeriu aumentar as unidades especiais de
investigação e a vigilância, especialmente nos estados fronteiriços
com a Bolívia.
Os EUA também pedem que o Governo brasileiro aumente a capacidade
do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que "tem o
potencial de ser um modelo sul-americano para o combate de crimes
financeiros", e o fortalecimento da coordenação entre as diferentes
Polícias. EFE