Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO, (Reuters) - A bolsa paulista fechou no azul nesta terça-feira, quebrando uma sequência de sete pregões de perdas, com as ações da Cielo (SA:CIEL3) e da Petrobras (SA:PETR4) entre os principais suportes da alta.
O Ibovespa subiu 0,4 por cento, a 44.131 pontos, após atingir a mínima em quase seis anos e meio na segunda-feira. O giro financeiro voltou a ficar abaixo da média mensal, somando 5,1 bilhões de reais, contra giro médio diário de 7 bilhões de reais em setembro.
De acordo com o analista Ricardo Kim, da XP Investimentos, a Bovespa seguiu a melhora do exterior, em particular a recuperação dos preços do petróleo, com dados fiscais brasileiros um pouco melhores do que o previsto ajudando a dar uma trégua na percepção de risco.
"Mas é um alívio pontual, com o estrutural ainda ruim", disse Kim, destacando que eventos como a reforma ministerial e a análise de vetos presidenciais mantêm o clima de incertezas.
Em nota a clientes nesta terça-feira, o Credit Suisse disse ser difícil a Bovespa se recuperar com consistência num cenário onde o custo de capital supera a rentabilidade (ROE) da maioria das empresas.
DESTAQUES
=PETROBRAS fechou com as preferenciais em alta de 2,33 por cento e os papéis ordinários avançando 2,35 por cento, na esteira da recuperação dos preços do petróleo e com a trégua no fortalecimento do dólar ante o real endossando os ganhos das ações. A estatal ainda confirmou na véspera descoberta de petróleo leve nos reservatórios do pré-sal no terceiro poço da área de Carcará, na Bacia de Santos. A equipe da corretora Rico avaliou positivamente a notícia, mas ponderou que em momentos como o atual acaba se tornando não tão relevante. "Endividamento, dólar e preço do petróleo são as grandes preocupações no momento", disse em nota a clientes.
=CIELO avançou 4,87 por cento, recuperando-se da forte perda na véspera, quando recuou repercutindo notícias sobre possível nova concorrência e anúncio pelo Banco central de novas regras no setor de meios de pagamentos. A equipe de analistas do BTG Pactual (SA:BBTG11) disse que conversou com a empresa sobre as mudanças propostas pelo BC e que a Cielo disse não esperar impactos relevantes. Na visão da equipe do BTG isso traz alívio, embora o fato de o tema regulação ter voltado à pauta possa pressionar o papel no curto prazo. Ainda ssim, os analistas do banco dizem não esperar que o BC seja muito "intervencionista" no setor. "Assim nós mantemos nossa visão positiva para a companhia", disse o BTG, em relatório.
=KROTON encerrou com elevação de 3,24 por cento, beneficiando-se do viés mais positivo para a Bovespa como um todo, potencialmente amparado por fluxo externo para a bolsa paulista.
=VALE fechou com as preferenciais em alta de 0,23 por cento e as ações ordinárias em queda de 0,66 por cento, após terem registrado fortes ganhos pela manhã. A sessão marcada pela queda nos preços do minério de ferro na China e proposta da diretora da mineradora de redução da remuneração aos acionistas de 2015 em 500 milhões de dólares, anunciada na noite da véspera. Analistas do BTG Pactual viram a decisão como marginalmente positiva, pois mostra uma estratégia mais prudente sobre alocação de capital, de acordo com nota distribuída a clientes. O analista Ricardo Kim, da XP Investimentos, destacou que, embora favorável do ponto de vista de alocação de capital, evidencia ainda mais o cenário desfavorável a commodities.
=BRADESCO fechou em queda de 0,61 por cento, revertendo os ganhos de boa parte da sessão, quando foi ajudado por comentário da equipe do Credit Suisse recomendando compra da ação e venda da ação preferencial do Itaú Unibanco (SA:ITUB4), citando que o desempenho pior de Bradesco (SA:BBDC4) em relação ao do Itaú (SA:ITSA4) desde janeiro é exagerado. Na véspera, o BofA ML havia rebaixado a recomendação de Bradesco para "neutra", em meio a ajustes de estimativas para vários bancos, citando um ambiente mais desafiador para o setor. ITAÚ UNIBANCO encerrou com decréscimo de 0,42 por cento.
=BB SEGURIDADE caiu 2,24 por cento, respondendo por relevante pressão negativa no Ibovespa. O Itaú BBA destacou em relatórios que a Susep, regulador do setor de seguros, divulgou dados mensais das seguradoras para agosto e que, embora os prêmios emitidos e as contribuições tenham apresentando um bom desempenho, o resultado financeiro foi fraco, provavelmente pela marcação a mercado de alguns instrumentos de renda fixa, o que deve se repetir em setembro. O Itaú BBA manteve sua avaliação "outperform" para o papel, afirmando que o nível de preço justifica a visão positiva, mesmo quando considerada alguma desaceleração no faturamento em 2016. O papel vem sofrendo em setembro com o fluxo de saída de estrangeiros, uma vez que estava incluído em vários portfólios.
=GOL encerrou em baixa de 3,1 por cento, a 3,43 reais, renovando mínima histórica, conforme investidores seguem preocupados com o efeito da alta do dólar e da fraqueza econômica no caixa da companhia. A Moody's reduziu na véspera perspectiva de nota da companhia para negativa, ante positiva, e nesta terça-feira dados operacionais de agosto da companhia aérea foram considerados fracos pelo mercado. O presidente da Abear, associação que representa o setor aéreo, Eduardo Sanovicz, informou ter pedido apoio ao governo federal para aliviar os custos do setor diante de um cenário de aprofundamento do déficit de caixa das empresas devido à desaceleração da demanda por voos e ao forte aumento dos gastos por conta da disparada do dólar. Para o Itaú BBA, o preço atual da ação da Gol não oferece valor convincente para compensar os riscos, que estão fora do controle da diretoria.
=SMILES fechou em alta de 4,61 por cento, revertendo perdas da primeira etapa da sessão, conforme o papel segue pressionado pela preocupação de investidores com potenciais efeitos para a empresa de redes de fidelidade do cenário desfavorável para sua controladora Gol. No mês, a ação da Smiles (SA:SMLE3) ainda acumula um declínio de quase 40 por cento.