Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer defendeu nesta terça-feira que a bancada do PMDB do Senado ajude a acelerar a votação da reforma trabalhista na Casa e disse que os deputados atrelam a votação da reforma da Previdência à conclusão da apreciação das mudanças na lei trabalhista pelos senadores, disse à Reuters uma fonte que participou do encontro de Temer com os parlamentares.
Temer pediu aos peemedebistas que apoiem a votação do texto com as alterações à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) como veio da Câmara e pediu que, se houver modificações a serem feitas por meio de emendas, o procurassem pessoalmente para apresentá-las.
O presidente disse aos senadores que iria avaliar a conveniência de editar uma medida provisória para garantir essas modificações.
Mais cedo, após a reunião de Temer com os senadores, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse a jornalistas que os senadores votarão a reforma trabalhista quando ela estiver madura e que a votação das alterações previdenciárias pelo plenário da Câmara dos Deputados não depende dessa votação.
No encontro, Temer não fez qualquer menção sobre em qual prazo gostaria de votar a reforma trabalhista no plenário do Senado.
Senadores ouvidos pela Reuters acreditam que a matéria poderá ser votada no início de junho, após passar pelas três comissões temáticas previstas: a de Assuntos Econômicos (CAE), a de Constituição e Justiça (CCJ) e a de Assuntos Sociais (CAS).
O presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), propôs no encontro aumentar o debate da matéria ao sugerir o cancelamento de votações e a realização de duas audiências públicas em plenário, uma na quinta-feira (11) e outra na terça (16). Eunício anunciou nesta tarde aos senadores a realização dessas sessões.
AFAGOS A RENAN
Segundo relatos, Temer fez questão de afagar o líder da bancada, Renan Calheiros (AL), um dos maiores críticos das duas reformas do governo dentro da base aliada.
Primeiro, antes do encontro com a bancada, o presidente reuniu-se em seu gabinete com Renan, Eunício, Jucá e o senador Eduardo Braga (PMDB-AM).
Depois, no encontro com 19 dos 22 senadores do PMDB, Temer sentou-se ao lado do líder do partido e disse serem pertinentes as avaliações feitas por Renan ao projeto.
Em um tom mais baixo do que em entrevistas concedidas nos últimos dias, Renan disse se mostrar preocupado se o texto em discussão poderá levar ao que ele chama de "pejotização" dos trabalhadores --quando funcionários com carteira assinada são substituídos por autônomos contratados por meio de empresas.
Na reunião, Temer, segundo relatos, fez várias referências a Renan e a Eunício, que voltou esta semana a presidir o Senado após se afastar há duas semanas por problemas de saúde.