Por Julie Steenhuysen e Sharon Begley
CHICAGO/NOVA YORK (Reuters) - Com centenas de pacientes na África sofrendo os efeitos devastadores do Ebola, especialistas da área médica estão em busca de determinar quais medicamentos podem oferecer o melhor tratamento experimental, enquanto pesquisadores são pressionados por autoridades de governos a acelerarem seus trabalhos.
Três tratamentos mostraram resultados especialmente promissores em macacos, disseram os especialistas.
Um deles, produzido pela pequena empresa de biotecnologia da Califórnia Mapp Biopharmaceutical, ganhou atenção internacional nesta semana, quando foi aplicado a dois trabalhadores humanitários dos EUA que contraíram Ebola na África Ocidental, e desde então mostraram sinais de melhora.
Outros são da Tekmira Pharmaceuticals, de Vancouver, e da Profectus BioSciences, de Tarrytown, no Estado norte-americano de Nova York.
Na quarta-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que discutirá na semana que vem a ética de utilizar medicamentos para Ebola que nunca foram liberados para uso humano, em um sinal de receio frente à longa história de drogas utilizadas em pessoas que nunca foram informadas dos riscos.
Nos países mais afetados pelo Ebola, a suspeita em relação a trabalhadores médicos estrangeiros já é bastante difundida.
Mas o ministro da Saúde da Nigéria, Onyenbuchi Chukwu, disse a repórteres nesta semana que havia pedido a representantes de saúde dos EUA acesso a terapias experimentais contra o Ebola.
Farmacêuticas norte-americanas estão respondendo às questões de autoridades do governo sobre sua capacidade de fornecer tratamentos em quantidade suficiente caso essa solicitação seja feita.
"Durante anos, dissemos ao governo que é preciso investir um pouco mais nisso", disse o cientista-chefe da Profectus, John Eldridge. "E agora falam, ‘Oh, meu Deus, quão rápido conseguem fazer isso?'"
Representantes da Mapp e da Tekmira não comentaram os esforços para disponibilizar seus tratamentos em resposta ao surto do Ebola.
Em coletiva de imprensa na quarta-feira, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse não ter informação suficiente para aprovar a droga da Mapp para tratar o vírus do Ebola, e que a reposta inicial deve se focar em medidas de saúde pública para conter o surto.
"Temos que deixar a ciência nos guiar, e eu não acho que temos toda a informação sobre se esta droga vai ajudar", disse o presidente, acrescentando que autoridades de saúde, no curso de conter o atual surto, pode avaliar se novas drogas ou tratamentos podem ser eficazes.
Nenhuma droga ou vacina para Ebola já entrou em testes humanos intermediários, e tampouco foram aprovadas. O maior avanço foram serem testadas em macacos e poucos humanos.
(Reportagem adicional de Toni Clarke)