Buenos Aires, 7 jan (EFE).- A presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, deixou neste sábado o hospital e retornou para a residência oficial de Olivos, em Buenos Aires, após saber que o exames descartaram a presença de um câncer na tireóide depois da operação de quarta-feira.
"O estudo histopatológico definitivo constatou a presença de nódulos em ambos lóbulos da glândula tireóide da presidente, mas descartou a presença de células cancerígenas, modificando o diagnóstico inicial", afirmou o relatório médico lido pelo porta-voz presidencial, Alfredo Scoccimarro.
Cristina Kirchner, de 58 anos, foi internada na quarta-feira no prestigiado hospital Austral da província de Buenos Aires para submeter-se a uma tiroidectomia total para retirar um carcinoma detectado no lóbulo direito de sua tireóide.
As biópsias confirmaram, no entanto, que a glândula da tireóide apresentava "adenomas foliculares", acrescentou o boletim médico que confirmou que Cristina não precisará passar por tratamento com iodo radioativo tal como havia sido anunciado a princípio.
Apenas alguns minutos depois que o porta-voz leu o relatório médico, Cristina embarcou no helicóptero presidencial que a esperava no prédio do hospital e retornou para Olivos, acompanhada de seus dois filhos, Máximo e Florença.
A presidente foi operada pelo cirurgião Pedro Saco, um dos mais reconhecidos do país, sob a supervisão de sua equipe médica pessoal.
Este erro de diagnóstico neste tipo de doença "é uma coisa não digo habitual, mas que pode acontecer, mesmo nas melhores equipes", afirmou hoje Ernesto Pontes, especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, em declarações a uma emissora de televisão local.
A notícia foi recebida com aplausos e gritos de alegria pelas centenas de simpatizantes governistas acampados nas portas do hospital Austral.
Um mar de bandeiras, cartazes, fotografias de Cristina e de seu marido, o falecido ex-presidente Néstor Kirchner, e até improvisados altares com imagens de santos decoravam este acampamento em solidariedade à presidente.
De pouco serviram os reiterados pedidos do pessoal do hospital, propriedade da Opus Dei, para que os militantes governistas baixassem o tom de suas celebrações em respeito aos demais pacientes internados ali.
O acampamento, formado, entre outros, por membros da Cámpora, grupo da juventude peronista impulsionado por Máximo Kirchner, o filho mais velho da presidente, começou a desmantelar-se após a saída de Cristina.
Em contraste com o agito dos militantes nas imediações do hospital, dirigentes peronistas e membros do Executivo respeitaram a decisão da presidente de preservar sua intimidade durante estes dias e se informaram sobre seu quadro clínico através do telefone e de conversas com seu filho Máximo, que adquiriu um inusitado protagonismo.
Um dos poucos que, segundo a imprensa local, teria visto Cristina no hospital foi o vice-presidente Amado Boudou, a cargo da condução do Governo durante a licença médica da presidente.
Boudou se manteve discreto durante esta semana e concentrou sua agenda em temas econômicos, mais familiares para quem foi ministro da Economia durante o primeiro mandato de Cristina.
A Casa Rosada não confirmou ainda se, em razão desta mudança de diagnóstico, Cristina Kirchner se manterá afastada de suas funções até o próximo dia 24 de janeiro.
Também não esclareceram se a presidente viajará nos próximos dias para sua casa na cidade de El Calafate, seu "lugar no mundo", como reconheceu em mais de uma ocasião, e onde faleceu Néstor Kirchner em outubro de 2010. EFE