Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar alternava entre leves altas e baixas frente ao real nesta quinta-feira, com investidores ponderando o tom cauteloso adotado ata da última reunião do Federal Reserve contra declarações de autoridades do banco central norte-americano sugerindo que os juros podem subir em breve.
Às 11:25, o dólar recuava 0,03 por cento, a 3,2105 reais na venda, após subir 0,55 por cento na sessão anterior. O dólar futuro tinha leve alta de cerca de 0,15 por cento nesta manhã.
"(Autoridades do Fed) têm feito comentários mais 'hawkish', mas a ata de ontem foi cautelosa, não se comprometeu com um prazo. Isso deixa o mercado em uma encruzilhada, esperando mais comunicações oficiais", disse o operador da corretora Correparti Jefferson Luiz Rugik.
O presidente do Fed de Nova York, William Dudley, sugeriu nesta semana a possibilidade de alta de juros já no mês que vem. Nesta quinta-feira, ele voltou a adotar um tom positivo sobre a economia dos EUA, ressaltando o fortalecimento do mercado de trabalho.
Mas a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) mostrou, na véspera, que ainda há consenso no Fed de que são necessários mais dados para que seja apropriado elevar os juros, embora alguns integrantes com poder de voto esperam que isso aconteça em breve.
Muitos operadores esperavam sinalização mais contundente de que os juros norte-americanos podem subir neste ano e venderam dólares após a divulgação da ata. Juros mais altos nos EUA poderiam atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em outros mercados.
No mercado local, investidores continuavam buscando mais pistas sobre as intenções do Banco Central no mercado de câmbio e a trajetória do ajuste fiscal.
De maneira geral, investidores vêm minimizando a importância dos recuos do governo em sua campanha para aprovar medidas de austeridade no Congresso Nacional, apostando que a postura tende a enrijecer quando o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff for aprovado, em julgamento que começará em 25 de agosto.
Já o BC vem mantendo sua estratégia de vender diariamente 15 mil swaps reversos, que equivalem a compra futura de dólares, o que contribuiu para tirar o dólar das mínimas em quase um ano atingidas neste mês.
Declarações do presidente interino Michel Temer levaram alguns a apostar que o governo almejaria evitar quedas maiores do dólar, mas o presidente do BC, Ilan Goldfajn, tem defendido o respeito ao câmbio flutuante.
"Essas últimas semanas trouxeram ruídos no cenário local, mas devemos virar essa página até o fim do mês", disse o operador de um banco internacional.
(Por Bruno Federowski)