Moscou, 22 jun (EFE).- O presidente bielorrusso, Aleksandr
Lukashenko, anunciou hoje que ordenou a interrupção do trânsito do
gás russo para a Europa através do território de seu país até que o
consórcio russo Gazprom pague as dívidas que tem com Belarus.
"Ordenei ao Governo para que corte o trânsito por Belarus até que
a Gazprom não pague o que deve", disse Lukashenko durante um
encontro em Minsk com o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov,
informou a agência oficial bielorrussa "Belta".
Lukashenko ressaltou que a Gazprom, que cortou 30% do
fornecimento de gás à Belarus, reivindica pagamentos de US$ 190
milhões quando a própria companhia deve a Minsk US$ 260 milhões pelo
trânsito de combustível para a Europa.
"A que cinismo e absurdo se pode chegar", disse o chefe de Estado
bielorrusso ao afirmar que é o consórcio russo, e não seu país, a
parte que descumpre o contrato.
A Gazprom reconheceu ontem que tem uma dívida com Belarus pelo
trânsito de gás à Europa, mas disse que não pode pagá-la porque o
Governo de Minsk não a formalizou e assegurou que este pagamento não
representa nenhum problema.
Antes de iniciar ontem o corte do fornecimento, a Gazprom
rejeitou as propostas da Belarus de anular mutuamente as dívidas,
assim como a oferta de Minsk de cobrir sua dívida em espécie com
equipes e mercadorias.
"Desculpe, quando começam a nos humilhar falando de croquetes, de
mortadela, manteiga ou de crepes, nós vemos isso como uma ofensa. Um
presidente de um país amigo com o qual formamos uma união não pode
se comportar desta maneira", disse Lukashenko.
O presidente bielorrusso fazia referência à declaração de ontem
do presidente russo, Dmitri Medvedev, de que a "Gazprom não pode
aceitar o pagamento de dívidas em empadas, em manteiga, em queijo,
crepes ou outros meios de pagamento deste tipo".
Cerca de 20% do gás que a Rússia exporta para a Europa passa pela
Belarus. Devido à crise e à proximidade do verão, muitos países
europeus diminuíram o consumo consideravelmente.
O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, advertiu ontem que a
Gazprom tem capacidade técnica para utilizar rotas alternativas à
bielorrussa, em particular através da Ucrânia, por onde passa quase
80% do gás que a Rússia exporta para a Europa.
Também ontem, a estatal ucraniana Naftogaz se mostrou disposta a
aumentar o bombeamento de combustível russo para a Europa por sua
rede de gasodutos. EFE.