Acapulco (México), 8 abr (EFE).- México e Brasil querem formar alianças estratégicas sem medo, disse nesta sexta-feira o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que considerou que as petrolíferas Pemex e Petrobras devem trabalhar juntas para impulsionar o crescimento econômico e desenvolvimento tecnológico.
"Eu sonhava que um dia Petrobras e Pemex, sem renunciar a suas características e a sua nacionalidade, pudessem se unir, talvez construir outra empresa para explorar outros mercados do mundo", comentou durante a 74ª Convenção Bancária realizada desde quinta-feira no porto de Acapulco, no Pacífico mexicano.
Lula explicou que a proposta desta nova companhia deve ser discutida pelos Governos, para "explorar petróleo em outras regiões do mundo, com mercados mais competitivos e se transformar em empresas latino-americanas mais produtivas, rentáveis e nas de maior envergadura".
"Espero que isto seja possível", manifestou o ex-governante, que ofereceu uma conferência magistral, intitulada "Desafios globais para a resolução da crise financeira internacional e a experiência do Brasil".
Lembrou que em 1997, a Petrobras rompeu seu monopólio e se transformou em uma empresa mista, com 38% de seu capital nas mãos do Estado e o restante em mãos privadas.
A companhia petrolífera, disse, alcançou a maior capitalização da história ao obter US$ 70 bilhões na Bolsa de Valores do Brasil e atualmente é uma empresa poderosa cujo patrimônio passou de US$ 5 bilhões para US$ 215 bilhões.
Acrescentou que a Petrobras é uma empresa moderna que conta com um centro de pesquisa e com a maior tecnologia de prospecção para águas profundas, o que "não foi produto da sorte, mas do investimento".
Embora a Petrobras seja mista, nela prevalecem os interesses estratégicos do país e o Governo participa das decisões, ressaltou o ex-chefe de Estado.
Depois de mais de 30 anos sem serem inauguradas novas refinarias, atualmente a Petrobras constrói cinco, apontou Lula, que destacou que a companhia petrolífera se transformou em um produtor autossuficiente de gás natural e trabalha no desenvolvimento de combustíveis alternativos.
Nesse sentido, assinalou que entre as prioridades do Estado estão garantir a segurança alimentar da população e desenvolver as fontes de energia renováveis.
Também indicou que o Brasil constrói um trem de alta velocidade de 6 mil quilômetros e que estão em processo três hidrelétricas.
Lembrou que o Estado tem um papel importante na economia e não pode ter medo da iniciativa privada, mas estabelece as regras do jogo para todos os setores.
Convocou os banqueiros mexicanos a promoverem reuniões de negócios com os empresários brasileiros, para formar alianças estratégicas que levem à criação de novas companhias "fortes e competitivas".
Após comparar o tamanho das economias de ambos os países e o fluxo comercial bilateral, estimou que havia "algo de errado na relação".
"Não é possível que tenham uma balança de US$ 7 bilhões", afirmou Lula, que convidou ambos os países a estabelecerem uma política mais ousada e atrevida.
Também os incentivou a ampliar sua relação com as nações sul-americanas. "O México deve olhar mais para baixo do continente", indicou.
Sobre a crise internacional, advertiu que ainda não terminou, por isso considerou necessário manter a vigilância. Além disso, manifestou, o Grupo dos Vinte (G20 que agrupa países ricos e emergentes) deve tomar medidas para evitar que os bancos voltem a sofrer problemas, reforcem sua supervisão e evitem que emprestem o que não têm. EFE