Jaime Ortega Carrascal.
Rio de Janeiro, 7 out (EFE).- Os brasileiros elegeram neste domingo seus prefeitos e vereadores para os próximos quatro anos, em uma jornada na qual quase não houve incidentes e que deixou para um segundo turno o duelo entre Governo e oposição pela Prefeitura de São Paulo.
Em 5.568 municípios os eleitores foram às urnas para escolher os governantes locais, processo que se repetirá no dia 28 deste mês em cerca de 50 cidades de mais de 200 mil eleitores nas quais nenhum candidato obteve a metade mais um dos votos.
O PT só ganhou em Goiânia, onde Paulo Garcia foi reeleito com 57,63%. O partido disputará no segundo turno as Prefeituras de São Paulo, Salvador, Fortaleza, João Pessoa e Rio Branco, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O PSDB, principal força de oposição, venceu em Maceió com Rui Palmeira (57,37%), e irá para o segundo turno em São Paulo, Vitória, Belém, Teresina, São Luís, Manaus e Rio Branco.
Em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, onde tradicionalmente as eleições municipais são uma queda de braço entre Governo e oposição, a disputa será revivida entre José Serra, do PSDB e Fernando Haddad, do PT.
Serra, derrotado por Lula nas presidenciais de 2002 e por Dilma nas de 2010, obteve 30,76%, enquanto Haddad, apoiado por ambos, conquistou contra toda previsão 28,89% dos votos.
José Serra embora nunca tenha conseguido vencer o PT no nível nacional, no plano regional conseguiu, primeiro as eleições para a Prefeitura de São Paulo em 2004 e depois para governador do estado, em 2006.
A candidatura de Haddad, decidida a dedo por Lula apesar da resistência que encontrou em alguns setores do PT, cresceu nos últimos dias e chegou mais longe do que as pesquisas previam.
A grande surpresa foi a derrocada de Celso Russomanno, do PRB e apoiado pela Igreja Universal do Reino de Deus, que liderou com folga as pesquisas até sexta-feira e que neste domingo teve que se resignar com apenas 21,60% dos votos.
Das 26 capitais estaduais, apenas oito escolheram seus prefeitos no primeiro turno, entre elas Rio de Janeiro onde Eduardo Paes do PMDB foi reeleito com 64,61% dos votos, segundo o TSE.
Também conseguiu a reeleição José Fortunati, do PDT, em Porto Alegre, com 65,22%, e Marcio Lacerda, do PSB, em Belo Horizonte, com 52,54%.
Do PSB, partido aliado do Governo na esfera nacional, é também Geraldo Julio, que com 51,15% ficou com a Prefeitura de Recife.
O resultado de Recife representa um golpe para o PT porque nessa cidade a aliança com o PSB foi quebrada e como resultado disso, Humberto Costa, ex-ministro de Lula, ficou em terceiro, com 17,43%.
Além disso, o presidente nacional do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, é uma figura em ascensão no cenário nacional e um dos potenciais candidatos à Presidência em 2014.
O PSB sai beneficiado destas eleições pois, além de Belo Horizonte e Recife, desponta como vencedor em Cuiabá e passou o segundo turno em Fortaleza e Porto Velho.
Além da derrota em Recife, o resultado do Porto Alegre foi outro revés para o PT pois seu candidato, Adão Villaverde, ficou em terceiro lugar com 9,61% dos votos, o pior resultado do partido nessa cidade que governou por 16 anos consecutivos, de 1989 a 2004, e na qual sempre chegava bem, embora fosse no segundo turno.
Também entra na conta negativa do partido do Governo a derrota em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais (sudeste), onde Patrus Ananias obteve 41,09%, insuficiente para impedir a reeleição de Lacerda, apadrinhado pelo senador Aécio Neves (PSDB), outro dos possíveis rivais do PT nas presidenciais de 2014.
Por sua vez, o PMDB, a maior força política do país, ganhou no Rio de Janeiro e Boa Vista, indo para o segundo turno em Natal, Florianópolis e Campo Grande. EFE
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